O
acirramento da crise econômica, política e institucional que ora vivemos tem na
minha avaliação, a atual sistemática de licitação de obras públicas no Brasil como
uma de suas causas determinantes. Penso eu que a PERFORMANCE
BOND é uma solução viável para reverter a realidade das obras inacabadas ou
superfaturadas e dos escândalos de corrupção.
PERFORMANCE
BOND é um seguro que cobre 100% do valor da obra contratada. Na falência ou
inidoneidade da empresa ou se ela não concluir o projeto, cabe à seguradora
terminar a obra. Na licitação, o poder público aceita a empresa licitante como
idônea e a apreciação da capacidade dela e de seu acervo técnico cabe à seguradora,
que arca com o prejuízo parcial ou total, se o projeto “fizer água”. Essa forma
de contratação reduz o relacionamento promíscuo entre o público e o privado,
porque entre o governo e a empresa está a seguradora, maior interessada em que a obra
seja bem feita e concluída. Assim, a empresa contratada se reporta
muito mais à seguradora do que ao seu contratante. É uma prática comum nos
Estados Unidos, em países europeus como a Alemanha e a Áustria e em alguns
casos no Japão.
A adoção ou não dessa sistemática explica,
por exemplo, a alta qualidade das rodovias daqueles países em comparação com o
caos das nossas estradas, bem como a quantidade de “esqueletos” de obras públicas
de todos os portes, em todo o Brasil.
A PERFORMANCE
BOND foi tema de discussão na apreciação do projeto que deu origem à Lei
8666/93, que regula as licitações no Brasil. Foi rejeitada especialmente pelos
lobistas da construção civil a pretexto de que o mercado das seguradoras
ficaria com poder excessivo.
Pela
Lei 8666/93, a construtora é obrigada a
pagar apenas 5% da obra e tem que apresentar uma série de atestados, o
que originou a indústria da venda de certificados. A maioria dos projetos é de
baixa qualidade e a fiscalização deficiente, em que pese a atuação dos órgãos governamentais
de controle. Ordinariamente parte-se de um projeto com muitas indefinições o que
leva a alterações no curso da execução da obra e à majoração dos preços, por
meio dos termos aditivos. Empresas ganham licitações por preço baixo e quase
sempre não terminam as obras. A ingerência política é outro fator prejudicial
nas licitações e na execução das obras públicas no Brasil.
Os fatos envolvendo diretores da
Petrobrás (que por sinal, está liberada de seguir as regras da Lei 8666/93),
parlamentares, governadores, dirigentes partidários e doleiros é apenas o
exemplo mais recente e escabroso que induz à necessidade de se rever a
sistemática de licitações no Brasil. Sabe-se também que o desvio de recursos
públicos, em outras palavras a corrupção não é “privilégio” da Petrobrás. Ela grassa
nas máquinas públicas federal, estadual e municipal, na maioria das instâncias
e setores da administração pública.
A liberdade de criticar e de emitir
opinião deve ser exercida e respeitada numa Democracia, não cabendo
patrulhamento quanto às opiniões que desagradam os grupos no poder e os militantes
dos partidos que os sustentam. Agora, além das críticas e posições divergentes,
devemos oferecer propostas concretas ao aprimoramento de nossas instituições, na
busca de rumos e soluções para o país.
Com este propósito coloco-me junto aos
que defendem a PERFORMANCE BOND como uma alternativa válida ao
aperfeiçoamento do processo de licitação e que, uma vez adotada, poderá trazer resultados
concretos e inaugurar um nova fase na qualidade das obras públicas brasileiras.
Se você concorda com esta proposta,
fique à vontade para compartilhar.
Caro Octavio,
ResponderExcluirTrês anos já se passaram e a discussão continua...
Sou da opinião que o performance bond (e o bid bond) se tornaram mecanismos republicanos para diminuição do risco de se contratar grandes obras. Trabalhei no BB por 23 anos, área de câmbio, e essas grandes empreiteiras do passado, quando construíam no exterior, eram obrigadas a apensarem no negócio a figura dos dois mecanismos. Isso era pago, claro, pelo exportador de serviços e era incluso no preço final....Não sei o porquê da relutância em se exigir o mesmo mecanismo na esfera nacional... prático e eficiente...