A recente decisão da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação , Ciência e Cultura, de reconhecer Belém como “Cidade Criativa de Gastronomia” e Óbidos, de Portugal como “Cidade Criativa de Literatura” somada às vivências na recente estada em terras lusitanas para lançar meu livro “Causos Amazônicos” levam-me a acreditar que estão criadas condições para maior aproximação entre Belém e o próprio estado do Pará com cidades portuguesas.
Com
as “Redes de Cidades Criativas” a UNESCO estimula o desenvolvimento social,
econômico e cultural de cidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento
comprometidas com a criatividade. O que vai ao encontro do objetivo daquela
agência internacional de incentivar a diversidade cultural e o desenvolvimento
sustentável e socialmente justo. E cidades contempladas tem sua projeção internacional
significativamente ampliada.
Belém foi reconhecida em razão da criatividade
comprovada no seu empreendedorismo gastronômico. O reconhecimento de Óbidos se deu em face de
um projeto que valoriza seu patrimônio cultural e programas e atividades voltados
para o livro e a literatura. Estive
nessa Vila Portuguesa, sede de um município de aproximadamente 2.200 habitantes, situada dentro de um forte medieval,
no distrito de Leiria, no Centro de Portugal.
Em Óbidos fui recebido pela Vereadora da Cultura, Celeste Afonso que me colocou a par de detalhes do FÓLIO, Festival Internacional de Literatura de Óbidos, realizado entre 15 e 25 de outubro deste ano, com a temática “a literatura nos países de expressão portuguesa”. O suceesso desse evento foi determinante para o reconhecimento de Óbidos como Cidade Criativa de Literatura”. O FÓLIO é a materialização de um projeto que visa o envolvimento de pessoas e patrimônio num processo em que a literatura funciona como alavanca de desenvolvimento econômico e social num território criativo. Ficou evidente a importância da presença de autores paraenses na edição do FÓLIO de 2016, em fase de preparação. Assunto esse que já vem sendo tratado em Belém pelo amigo poeta e escritor Cláudio Cardoso, missionário da Literatura brasileira produzida na Amazônia, a quem hipoteco integral apoio.
Abro aqui um parêntese para explicar a expressão Vereadora da Cultura. Sendo Portugal um país parlamentarista, o Poder prevalente é o Legislativo, o parlamento, que na esfera mais próxima do cidadão é representado pelos Concelhos (com “ce” mesmo) Municipais, em que cada Vereador é responsável por uma das áreas da administração pública.
Em Óbidos fui recebido pela Vereadora da Cultura, Celeste Afonso que me colocou a par de detalhes do FÓLIO, Festival Internacional de Literatura de Óbidos, realizado entre 15 e 25 de outubro deste ano, com a temática “a literatura nos países de expressão portuguesa”. O suceesso desse evento foi determinante para o reconhecimento de Óbidos como Cidade Criativa de Literatura”. O FÓLIO é a materialização de um projeto que visa o envolvimento de pessoas e patrimônio num processo em que a literatura funciona como alavanca de desenvolvimento econômico e social num território criativo. Ficou evidente a importância da presença de autores paraenses na edição do FÓLIO de 2016, em fase de preparação. Assunto esse que já vem sendo tratado em Belém pelo amigo poeta e escritor Cláudio Cardoso, missionário da Literatura brasileira produzida na Amazônia, a quem hipoteco integral apoio.
Abro aqui um parêntese para explicar a expressão Vereadora da Cultura. Sendo Portugal um país parlamentarista, o Poder prevalente é o Legislativo, o parlamento, que na esfera mais próxima do cidadão é representado pelos Concelhos (com “ce” mesmo) Municipais, em que cada Vereador é responsável por uma das áreas da administração pública.
Percorri com Celeste Afonso as livrarias da Vila Literária de Óbidos, projeto que alia o Município e uma empresa do ramo específico da Literatura, a Livraria Ler Devagar, no sentido da reconstrução e expansão das possibilidades de reabilitação urbana e desenvolvimento econômico. É indescritível a sensação de se ver livros convivendo com frutas em caixotes num mercado municipal, com garrafas de vinho numa adega, em perfeita harmonia. E mais ainda, uma Igreja transformada em Livraria, a Igreja de Santiago que não mais funciona como templo religioso. A pia que um dia foi batismal hoje está cheia de livros. Uma metáfora, a meu ver, do necessário “batismo cultural” do homem para ele tornar-se efetivamente um cidadão.
Celeste Afonso falou-me também sobre o
Festival Internacional do Chocolate de Óbidos, outro exemplo da criatividade de
uma cidade que não tendo indústria chocolateira realiza um Festival Internacional
de Chocolate há treze anos. Feito na primavera, a esse Festival comparecem chocolaterias
de diversos países e nele são realizadas atividades lúdicas com chocolate, envolvendo
o público visitante e a população local. Contou a Vereadora que o secretário
de agricultura do estado do Pará, Hildegardo da Silva Nunes, esteve em Óbidos
este ano e sinalizou a presença da indústria chocolateira do Pará nas próximas edições
do Festival Internacional do Chocolate de Óbidos.
Iniciativa elogiável porque o Theobroma Cacao, nome científico do fruto da família Malvaceae é originário da bacia amazônica. Os exploradores portugueses desde sua chegada à Amazônia coletaram o cacau entre as “drogas do sertão” e o cultivaram principalmente nos sítios da calha do rio Amazonas e seus afluentes, no período que ficou conhecido como Ciclo do Cacau. No século XVIII, sementes de cacau foram levadas e plantadas na região do Recôncavo Baiano, passando a Bahia a dominar a industrialização básica do chocolate, que é a transformação da amêndoa do cacau na pasta básica do chocolate. Considero crucial a verticalização da indústria cacaueira na Amazônia, desde a etapa inicial até a final, a transformação da pasta básica do chocolate nos produtos acabados. E também, que o chocolate produzido na Amazônia seja presente em todos os eventos mundiais do produto.
Foi com muita satisfação que autografei um exemplar do livro “Causos Amazônicos”2ª. Edição para a vereadora Celeste Afonso. Autografei mais exemplares e outros ficaram consignados nas diversas livrarias da Vila Literária de Óbidos.
Iniciativa elogiável porque o Theobroma Cacao, nome científico do fruto da família Malvaceae é originário da bacia amazônica. Os exploradores portugueses desde sua chegada à Amazônia coletaram o cacau entre as “drogas do sertão” e o cultivaram principalmente nos sítios da calha do rio Amazonas e seus afluentes, no período que ficou conhecido como Ciclo do Cacau. No século XVIII, sementes de cacau foram levadas e plantadas na região do Recôncavo Baiano, passando a Bahia a dominar a industrialização básica do chocolate, que é a transformação da amêndoa do cacau na pasta básica do chocolate. Considero crucial a verticalização da indústria cacaueira na Amazônia, desde a etapa inicial até a final, a transformação da pasta básica do chocolate nos produtos acabados. E também, que o chocolate produzido na Amazônia seja presente em todos os eventos mundiais do produto.
Foi com muita satisfação que autografei um exemplar do livro “Causos Amazônicos”2ª. Edição para a vereadora Celeste Afonso. Autografei mais exemplares e outros ficaram consignados nas diversas livrarias da Vila Literária de Óbidos.
Noutras
cidades portuguesas vivi experiências semelhantes à de Óbidos. Porto, por exemplo, onde o lançamento do livro
se deu durante um jantar da Unicepe- Cooperativa Livreira dos Estudantes do
Porto. Alí se reúnem os associados da Unicepe para degustar um típico jantar
lusitano, trocar idéias com o autor convidado, adquirir suas obras e participar
de saraus que avançam noite a dentro.
Em
Aveiro, o Vereador da Cultura Miguel Capão Filipe me deu as boas vindas e o lançamento foi no Chá das
5 do tradicional Hotel Moliceiro. O Chá das 5 do Moliceiro, idealizado pela proprietária do hotel,
Sra. Cristina Durães, uma apaixonada pela Cultura, estimula a realização de
saraus e o eventos culturais. Parte da programação foi transmitida ao vivo pela Rádio Terra Nova FM, a
quem concedi entrevista.
Em tour pela cidade, estive na “Rua de Belém do Pará, Cidade Irmã”. Já sabia dessa geminação entre Aveiro e Belém do Pará , mas eu não tinha idéia do interesse dos aveirenses na efetivação desse vínculo e do quanto o casario da Cidade Velha de Belém lembra o casario da cidade lusitana. Não tivesse Antonio Lemos, Intendente de Belém no início do século passado, aterrado os diversos igarapés que entrecortavam a capital paraense, maior seria a semelhança de Belém com Aveiro e suas Rias, onde os barcos moliceiros transportam hoje os turistas mas noutros tempos coletavam o moliço, algas que havia nas rias e que serviam de adubo orgânico para a agricultura.
Em tour pela cidade, estive na “Rua de Belém do Pará, Cidade Irmã”. Já sabia dessa geminação entre Aveiro e Belém do Pará , mas eu não tinha idéia do interesse dos aveirenses na efetivação desse vínculo e do quanto o casario da Cidade Velha de Belém lembra o casario da cidade lusitana. Não tivesse Antonio Lemos, Intendente de Belém no início do século passado, aterrado os diversos igarapés que entrecortavam a capital paraense, maior seria a semelhança de Belém com Aveiro e suas Rias, onde os barcos moliceiros transportam hoje os turistas mas noutros tempos coletavam o moliço, algas que havia nas rias e que serviam de adubo orgânico para a agricultura.
Benilton fez minha apresentação em Coimbra, onde hoje realiza estudos, após a conclusão de seu pós-Doutoramento. A apresentação foi no Café Santa Cruz, onde se reúnem a intelectualidade, os alunos e professores da mais famosa Universidade de Portugal, para degustar um bom vinho ou um gostoso café, assistir a saraus, ouvir os tradicionais fados e “jogar conversa fora” com os visitantes. Benilton enfatizou aspectos do meu estilo e termos que emprego em minhas crônicas que eram usados pelos navegadores lusitanos e que foram incorporados e mantidos pelo homem simples da Amazônia, que resgato e registro nos Causos Amazônicos.
Em todos os lugares onde estive, inclusive Estarreja, às proximidades de Aveiro, foi unânime o interesse das pessoas num intercâmbio mais próximo e frequente com a nossa cultura. Em minhas falas eu sempre enfatizei a importância do contato com a Literatura brasileira de expressão Amazônica, até por que o projeto de país que o Reino de Portugal tinha para as terras brasileiras era aqui no Norte, com a capital em Belém. E a antiga Província do Grão Pará e Rio Negro foi a última unidade brasileira a quebrar seus vínculos com a Coroa Portuguesa, sendo muito evidente na cultura, na arquitetura de Belém e nas nossas tradições a presença da cultura lusitana.
A iniciativa da UNESCO de reconhecer Belém como “Cidade Criativa de Gastronomia” e Óbidos de Portugal como “Cidade Criativa de Literatura” somada ao interesse de Aveiro em incrementar o contato com sua Cidade Irmã, Belém do Pará, são fatores definitivos para a retomada e incremento dessa aproximação. Tudo depende, penso eu, da mobilização dos setores interessados, os intelectuais, escritores e poetas, da sensibilidade dos Poderes Públicos e do apoio da iniciativa privada. Instrumentos há. É uma questão sabermos utilizá-los.
Brinde com Ana Lúcia Araújo no Restuarante Passaporte, em Coimbra |