O último fim de semana foi trágico para a inteligência nos extremos do Brasil. O Rio Grande do Sul perdeu Moacyr Scliar e o Pará viu partir para sempre Benedito Nunes.
Não tive a felicidade de privar da amizade de Bené e confesso aqui, a inveja que sinto dos que tiveram essa felicidade. Mesmo assim, eu não perdia uma oportunidade de assistir suas palestras, de ler tudo o que sobre ele se escrevia, enfim, de prestigiar aquela figura singela e frágil, que assumia uma dimensão portentosa, quando com simplicidade, expunha sua cultura ampla e sedimentada.
O leitor poderá saber melhor quem foi Bené Nunes e sua importância para a cultura brasileira e mundial, acessando o http://blogdoalencar.blogspot.com/ e o http://www.blogdopiteira.blogspot.com/, dentre outras fontes. Não vou fazer eco ao que já foi falado.
Quero deixar aqui, expressa minha profunda tristeza pelo vazio deixado por Bené. Intelectual que nem ele, hoje é uma raridade. E dizer do meu compromisso de me aprofundar na obra desse cidadão do mundo nascido em solo paraense. E também, de procurar conhecer e acompanhar o discípulo de Bené, escolhido por ele próprio para continuar seu trabalho, Vitor Pinheiro, de quem o Alencar fala com admiração extrema, em seu Blog.
No mesmo fim de semana, a inteligência brasileira também se viu privada de Moacyr Scliar. Gaúcho de Porto Alegre, Scliar, médico e membro da Academia Brasileira de Letras, que escreveu mais de 80 livros, publicados em mais de 20 países. Romances e livros de contos, ensaios, crônicas e ficção infanto-juvenil, que sempre tiveram grande repercussão junto à crítica.
Nas minhas últimas férias, li a última obra de Moacyr, “Eu vos abraço, Milhões”. Lançado pela Companhia das Letras, um romance de formação. O personagem Valdo, idealista e libertário, após uma caminhada tortuosa, conclui o quanto é difícil, na prática, realizar o sonho de abraçar milhões, de que fala Schiller na obra “Ode à alegria”, que inspirou a Nona Sinfonia de Beethoven.
Ótima sugestão de leitura.
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Aqui você lê minhas crônicas, meus artigos, além de outros textos e provocações de temas como política, democracia, cidadania,sustentabilidade e meio ambiente, redes sociais distribuídas. Seus comentários e opiniões são bem vindos.
segunda-feira, fevereiro 28
domingo, fevereiro 27
“DESCULPAS” DE AMAZONINO. A EMENDA PIOR QUE O SONETO
Li a matéria do Diário do Pará, da sexta-feira, dia 25 de fevereiro sobre o “pedido de desculpas” ao povo paraense, de Amazonino Mendes, o tiranossauro que administra a capital amazonense.
Fosse ele humilde, teria aproveitado a oportunidade oferecida pelo jornal paraense para efetivamente se desculpar. Mas não o fez. “Eu pediria desculpas ao povo do Pará se entenderam de forma errada o que eu disse. Eu não me comportei de forma preconceituosa em nenhum momento. Essa não foi minha intenção”.
Primeiro, o verbo pedir no condicional, “eu pediria”. Ele pediria apenas a quem tivesse entendido de forma errada as suas palavras. Seria necessária estupidez “amazonímica” para alguém entender de forma errada as palavras do prefeito de Manaus. As imagens percorrem o mundo, demonstrando a estupidez amazônica de Amazonino.
Quem se conscientiza efetivamente de seu erro, pede desculpas sinceras a quem ofendeu.
A incoerência quando casada com a arrogância é a origem de todo mal. Ouvi essa afirmação há tempos atrás, do padre Carmito, um homem simples porém sábio, dirigida a seus paroquianos do Curió, um bairro pobre da periferia de Belém.
Sim, a incoerência é uma característica humana. Qualquer um de nós, em algum momento da vida, foi, é ou será incoerente. É o “faça o que eu digo e não o que eu faço” e outras coisas do gênero. Agora, quando à incoerência se junta a arrogância, aí o problema fica sério. O sujeito passa a se julgar acima do bem e do mal, a achar que está sempre certo e quem dele discorda está errado, devendo o dono do erro, ser tirado de seu caminho.
Parece-me ser este o caso de Amazonino (e de tantos outros políticos que povoam a vida brasileira). Na sua sandice, ele continua a achar que está certo. Errado é quem interpretou mal suas palavras. A atitude do gestor manauara, além de criminosa é nefasta e perniciosa. Para infelicidade de todos e em particular dos manauenses, Amazonino é um homem público que dá um péssimo exemplo, ao alimentar a rixa, a animosidade de amazonenses em relação a paraenses, sentimentos que decorrem do apego a questões secundárias, em detrimento do essencial, sem atentar que os limites entre o Amazonas e o Pará são linhas imaginárias, mas os problemas desses Estados são comuns, verdadeiros e decorrentes da mesma causa- a ausência de políticas públicas macro, voltadas para a solução das desigualdades regionais e inter e intrarregionais.
Agir com preconceito é não atentar que a concentração demográfica de Manaus, a partir de 1967, decorreu de uma estratégia de ocupação da Amazônia e de industrialização de Manaus e de seu entorno, por meio da criação da Zona Franca de Manaus, pelo regime militar de 1964, o que tornou a capital amazonense um polo de atração para brasileiros de todos os Estados da federação, particularmente da Amazônia. E que, dentre esses migrantes, por motivos geográficos e culturais, preponderaram os paraenses. Ninguém abandona sua terra porque quer, mas todos buscam o lugar que lhes oferece melhores oportunidades.
O que pode e merece ser questionado é também, a inoperância, a incompetência e a conivência das elites paraenses, ao longo de décadas, o que pode render ensaios e teses de mestrado e doutoramento.
O fato é que, dos 1.802.525 habitantes de Manaus, conferidos pelo IBGE, no último censo demográfico, cerca de 450.000, ou seja, 25% são paraenses, a maioria dos municípios do Baixo Amazonas, como informa o jornalista José Maria Piteira (http://blogdopiteira.blogspot.com/)
Nesse expressivo universo, logicamente há pessoas de todos os tipos, como acontece em qualquer agrupamento humano. Há pessoas “da paz” e violentas, honestas e desonestas, esforçadas e preguiçosas, as que “dão certo” e as que “não dão certo”. Há exemplos dignificantes de filhos do Pará que ocupam posição de destaque no estado do Amazonas (e em outros Estados), na vida pública e na iniciativa privada, mas também acontecem “n” casos de fracassos retumbantes, com todas as conseqüências naturais- alcoolismo, desagregação familiar e envolvimento com a criminalidade. Fatos também humanos que acontecem em todos os lugares, com nativos das mais diversas origens.
A expressiva presença paraense em Manaus gera certo desconforto na população nativa. Mas nada justifica as generalizações do tipo “todo nativo deste ou daquele lugar é isso ou aquilo”, ou o incômodo com o sucesso de quem não é filho do lugar e que, por seus méritos, logra destacar-se. Até porque, é previsível a inversão desse processo, no curto prazo. O Pará viverá, nos próximos três anos, uma verdadeira explosão demográfica, com a implantação de projetos estruturantes, como a hidrelétrica de Belo Monte, o porto do Espadarte, a ferrovia Norte-Sul e outros projetos de porte, que deverão atrair milhares de imigrantes para o Pará. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia do Pará, CORECON-PA, Eduardo Costa, são esperados 500 mil imigrantes no Pará, em conseqüência do que, a população de migrantes no Pará saltará dos atuais 18% aferidos pelo IBGE, para 24,6 % do total dos habitantes. Certamente entre esses imigrantes, haverá também muitos amazonenses. Todos serão bem vindos.
A postura fratricida entre amazonenses e paraenses só interessa a quem sempre se beneficiou da situação retrógrada da Amazônia- os poderosos de todos os lugares. A atitude do Sr. Amazonino- de dizer à senhora Laudenice Paiva, moradora do bairro Santa Marta, na periferia da Zona Norte de Manaus, “então morra”, quando ela lhe explicou que, se ela abandonasse a casa dela, numa área com risco de desabamento, não teria para onde ir; e de concluir o prefeito de Manaus, “então pronto. Está explicado”, ao ouvir da pobre senhora, ser ela paraense- pôs “lenha na fogueira” da animosidade.
Os efeitos devastadores da atitude truculenta de Amazonino podem ser aferidos pelas manifestações dos leitores dos sites e blogs que inseriram matérias sobre o “então morra” do prefeito de Manaus. São manifestações raivosas, algumas até ameaçadoras ao “contrário”, como se diz lá na minha querida Parintins. Só que lá, a “briga” é entre as torcidas dos bois bumbás Garantido e Caprichoso. Nesse caso, paraenses irascíveis querem “comer o fígado” dos amazonenses.
A publicação do meu “Desagravo ao Povo Paraense”, inserida neste blog e replicada em diversos outros blogs e sites, gerou muitos elogios pela iniciativa, que agora publicamente, agradeço.
E muitos leitores, paraenses e amazonenses, me informaram “coisas do arco da velha” a respeito de Amazonino. Por apego à ética, continuarei atendo-me aos fatos, deixando as quizílias e intimidades do poluto e ímprobo governante amazonense, para outros espaços.
A folha corrida de Amazonino, com todos os crimes por ele praticados, encontra-se no site http://www.obidense.com.br. Desnecessário qualquer comentário.
Fonte fidedigna me informou que o prefeito de Manaus há muito vem dando sinais evidentes de arteriosclerose progressiva, em virtude de diabete renitente e hipertensão. A mesma fonte acrescenta também, “anacronismo político” e lamenta “infelizmente, como outros graúdos da política brasileira, ele tem dinheiro para comprar mandato político. Entretanto, desta vez, acho que ele cavou sua própria sepultura. Infelizmente, ainda falta mais de um ano para próxima eleição”.
De parabéns as lideranças estudantis de Manaus que fizeram o enterro simbólico do prefeito daquela capital, em protesto contra a imagem de Manaus, que ele expôs ao Brasil e ao mundo. Parabéns também, à Senadora Marinor Brito, do PSOL paraense, que representou perante o Ministério Público Federal, pedindo abertura de inquérito contra o político amazonense. A iniciativa de Marinor, até aqui, é a única medida concreta, com perspectiva de algum resultado. Um vereador manuara iria propor o impeachmant do Prefeito, mas não obtive confirmação da informação. Enquanto isso, as instituições, inclusive as mais barulhentas e as defensoras de direitos humanos, continuam mantendo gritante silêncio.
Como infelizmente, a justiça brasileira tarda e falha, é interessante que meus conterrâneos amazonenses e especialmente os manauaras tenham presente a fatia de responsabilidade que todos temos por continuarmos elegendo essas figuras retrógradas, truculentas e despreparadas ética e profissionalmente para cargos da mais alta relevância da República, em todos os rincões da federação. Mais do que a responsabilização criminal, figuras desse quilate merecem o repúdio da população, nas ruas e nas urnas. Essa gente sempre aposta na memória curta do povo e no poder da riqueza acumulada às custas dos cofres públicos, para se perpetuarem no poder.
É hora do basta! É hora de se mandar esse tiranossauro amazonense, para a latrina da História. Ele que, por suprema ironia, carrega um nome toponímico. Poderia ser chamado por qualquer outro nome, mas se chama Amazonino. Nome que hoje, enxovalha o Amazonas e a Amazônia e deixa os amazônidas rubros perante a cidadania mundial.
Octavio Pessoa, jornalista e advogado.
E-mai: octavio.pessoa.ferreira@gmail.com
Acompanhe-me no http://twitter.com/OCTAVIOPESSOAF
Leia o http://blogdooctaviopessoaf.blogspot.com/
Fosse ele humilde, teria aproveitado a oportunidade oferecida pelo jornal paraense para efetivamente se desculpar. Mas não o fez. “Eu pediria desculpas ao povo do Pará se entenderam de forma errada o que eu disse. Eu não me comportei de forma preconceituosa em nenhum momento. Essa não foi minha intenção”.
Primeiro, o verbo pedir no condicional, “eu pediria”. Ele pediria apenas a quem tivesse entendido de forma errada as suas palavras. Seria necessária estupidez “amazonímica” para alguém entender de forma errada as palavras do prefeito de Manaus. As imagens percorrem o mundo, demonstrando a estupidez amazônica de Amazonino.
Quem se conscientiza efetivamente de seu erro, pede desculpas sinceras a quem ofendeu.
A incoerência quando casada com a arrogância é a origem de todo mal. Ouvi essa afirmação há tempos atrás, do padre Carmito, um homem simples porém sábio, dirigida a seus paroquianos do Curió, um bairro pobre da periferia de Belém.
Sim, a incoerência é uma característica humana. Qualquer um de nós, em algum momento da vida, foi, é ou será incoerente. É o “faça o que eu digo e não o que eu faço” e outras coisas do gênero. Agora, quando à incoerência se junta a arrogância, aí o problema fica sério. O sujeito passa a se julgar acima do bem e do mal, a achar que está sempre certo e quem dele discorda está errado, devendo o dono do erro, ser tirado de seu caminho.
Parece-me ser este o caso de Amazonino (e de tantos outros políticos que povoam a vida brasileira). Na sua sandice, ele continua a achar que está certo. Errado é quem interpretou mal suas palavras. A atitude do gestor manauara, além de criminosa é nefasta e perniciosa. Para infelicidade de todos e em particular dos manauenses, Amazonino é um homem público que dá um péssimo exemplo, ao alimentar a rixa, a animosidade de amazonenses em relação a paraenses, sentimentos que decorrem do apego a questões secundárias, em detrimento do essencial, sem atentar que os limites entre o Amazonas e o Pará são linhas imaginárias, mas os problemas desses Estados são comuns, verdadeiros e decorrentes da mesma causa- a ausência de políticas públicas macro, voltadas para a solução das desigualdades regionais e inter e intrarregionais.
Agir com preconceito é não atentar que a concentração demográfica de Manaus, a partir de 1967, decorreu de uma estratégia de ocupação da Amazônia e de industrialização de Manaus e de seu entorno, por meio da criação da Zona Franca de Manaus, pelo regime militar de 1964, o que tornou a capital amazonense um polo de atração para brasileiros de todos os Estados da federação, particularmente da Amazônia. E que, dentre esses migrantes, por motivos geográficos e culturais, preponderaram os paraenses. Ninguém abandona sua terra porque quer, mas todos buscam o lugar que lhes oferece melhores oportunidades.
O que pode e merece ser questionado é também, a inoperância, a incompetência e a conivência das elites paraenses, ao longo de décadas, o que pode render ensaios e teses de mestrado e doutoramento.
O fato é que, dos 1.802.525 habitantes de Manaus, conferidos pelo IBGE, no último censo demográfico, cerca de 450.000, ou seja, 25% são paraenses, a maioria dos municípios do Baixo Amazonas, como informa o jornalista José Maria Piteira (http://blogdopiteira.blogspot.com/)
Nesse expressivo universo, logicamente há pessoas de todos os tipos, como acontece em qualquer agrupamento humano. Há pessoas “da paz” e violentas, honestas e desonestas, esforçadas e preguiçosas, as que “dão certo” e as que “não dão certo”. Há exemplos dignificantes de filhos do Pará que ocupam posição de destaque no estado do Amazonas (e em outros Estados), na vida pública e na iniciativa privada, mas também acontecem “n” casos de fracassos retumbantes, com todas as conseqüências naturais- alcoolismo, desagregação familiar e envolvimento com a criminalidade. Fatos também humanos que acontecem em todos os lugares, com nativos das mais diversas origens.
A expressiva presença paraense em Manaus gera certo desconforto na população nativa. Mas nada justifica as generalizações do tipo “todo nativo deste ou daquele lugar é isso ou aquilo”, ou o incômodo com o sucesso de quem não é filho do lugar e que, por seus méritos, logra destacar-se. Até porque, é previsível a inversão desse processo, no curto prazo. O Pará viverá, nos próximos três anos, uma verdadeira explosão demográfica, com a implantação de projetos estruturantes, como a hidrelétrica de Belo Monte, o porto do Espadarte, a ferrovia Norte-Sul e outros projetos de porte, que deverão atrair milhares de imigrantes para o Pará. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia do Pará, CORECON-PA, Eduardo Costa, são esperados 500 mil imigrantes no Pará, em conseqüência do que, a população de migrantes no Pará saltará dos atuais 18% aferidos pelo IBGE, para 24,6 % do total dos habitantes. Certamente entre esses imigrantes, haverá também muitos amazonenses. Todos serão bem vindos.
A postura fratricida entre amazonenses e paraenses só interessa a quem sempre se beneficiou da situação retrógrada da Amazônia- os poderosos de todos os lugares. A atitude do Sr. Amazonino- de dizer à senhora Laudenice Paiva, moradora do bairro Santa Marta, na periferia da Zona Norte de Manaus, “então morra”, quando ela lhe explicou que, se ela abandonasse a casa dela, numa área com risco de desabamento, não teria para onde ir; e de concluir o prefeito de Manaus, “então pronto. Está explicado”, ao ouvir da pobre senhora, ser ela paraense- pôs “lenha na fogueira” da animosidade.
Os efeitos devastadores da atitude truculenta de Amazonino podem ser aferidos pelas manifestações dos leitores dos sites e blogs que inseriram matérias sobre o “então morra” do prefeito de Manaus. São manifestações raivosas, algumas até ameaçadoras ao “contrário”, como se diz lá na minha querida Parintins. Só que lá, a “briga” é entre as torcidas dos bois bumbás Garantido e Caprichoso. Nesse caso, paraenses irascíveis querem “comer o fígado” dos amazonenses.
A publicação do meu “Desagravo ao Povo Paraense”, inserida neste blog e replicada em diversos outros blogs e sites, gerou muitos elogios pela iniciativa, que agora publicamente, agradeço.
E muitos leitores, paraenses e amazonenses, me informaram “coisas do arco da velha” a respeito de Amazonino. Por apego à ética, continuarei atendo-me aos fatos, deixando as quizílias e intimidades do poluto e ímprobo governante amazonense, para outros espaços.
A folha corrida de Amazonino, com todos os crimes por ele praticados, encontra-se no site http://www.obidense.com.br. Desnecessário qualquer comentário.
Fonte fidedigna me informou que o prefeito de Manaus há muito vem dando sinais evidentes de arteriosclerose progressiva, em virtude de diabete renitente e hipertensão. A mesma fonte acrescenta também, “anacronismo político” e lamenta “infelizmente, como outros graúdos da política brasileira, ele tem dinheiro para comprar mandato político. Entretanto, desta vez, acho que ele cavou sua própria sepultura. Infelizmente, ainda falta mais de um ano para próxima eleição”.
De parabéns as lideranças estudantis de Manaus que fizeram o enterro simbólico do prefeito daquela capital, em protesto contra a imagem de Manaus, que ele expôs ao Brasil e ao mundo. Parabéns também, à Senadora Marinor Brito, do PSOL paraense, que representou perante o Ministério Público Federal, pedindo abertura de inquérito contra o político amazonense. A iniciativa de Marinor, até aqui, é a única medida concreta, com perspectiva de algum resultado. Um vereador manuara iria propor o impeachmant do Prefeito, mas não obtive confirmação da informação. Enquanto isso, as instituições, inclusive as mais barulhentas e as defensoras de direitos humanos, continuam mantendo gritante silêncio.
Como infelizmente, a justiça brasileira tarda e falha, é interessante que meus conterrâneos amazonenses e especialmente os manauaras tenham presente a fatia de responsabilidade que todos temos por continuarmos elegendo essas figuras retrógradas, truculentas e despreparadas ética e profissionalmente para cargos da mais alta relevância da República, em todos os rincões da federação. Mais do que a responsabilização criminal, figuras desse quilate merecem o repúdio da população, nas ruas e nas urnas. Essa gente sempre aposta na memória curta do povo e no poder da riqueza acumulada às custas dos cofres públicos, para se perpetuarem no poder.
É hora do basta! É hora de se mandar esse tiranossauro amazonense, para a latrina da História. Ele que, por suprema ironia, carrega um nome toponímico. Poderia ser chamado por qualquer outro nome, mas se chama Amazonino. Nome que hoje, enxovalha o Amazonas e a Amazônia e deixa os amazônidas rubros perante a cidadania mundial.
Octavio Pessoa, jornalista e advogado.
E-mai: octavio.pessoa.ferreira@gmail.com
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terça-feira, fevereiro 22
DESAGRAVO AO POVO PARAENSE
Na condição de o mais paraense dentre os amazonenses radicados em Belém, capital do Pará, quero desagravar os irmãos deste Estado que foram atingidos pelo destempero verbal do prefeito de Manaus, no lamentável episódio em que o Sr. Amazonino Mendes atribuiu a relutância de certa cidadã em abandonar a casa dela, situada em lugar com risco de desmoronamento, ao fato dela ser paraense. Isto depois dele ter dito que, em face da atitude da mulher, ela deveria morrer.
A cena grotesca chocou a todos quantos assistiram à matéria, nos telejornais. O jurássico homem público amazonense demonstrou, em primeiro lugar, despreparo para lidar com pessoas, em situações tensas. Por mais insensata possa ser a atitude da cidadã, nada explica, muito menos justifica a reação do prefeito de Manaus, que já foi governador daquele Estado e senador da República. Do verdadeiro homem público o mínimo que se espera é temperança, mesmo nas situações limites.
Ao obter da senhora, em resposta à pergunta dele, a afirmação dela ser paraense e, diante disso, fazer o comentário “então está explicado”, demonstrou o Sr. Amazonino, ignorância quanto à história recente do Estado do Amazonas e da Amazônia.
Qualquer pessoa medianamente informada sabe que o êxodo de nativos dos mais diversos estados amazônicos no rumo de Manaus, se deu a partir dos anos 60 do último século do milênio passado, em decorrência da política do governo militar para ocupar e desenvolver a Amazônia, por meio da implantação da Zona Franca de Manaus, em 1967, como estímulo à industrialização da cidade e suas adjacências.
Até pela facilidade de deslocamento e pelo fluxo tradicional de ribeirinhos da calha do rio Amazonas entre as cidades dessa calha, inclusive Manaus, na confluência com o Rio Negro, foi natural que essa migração para Manaus, se desse por paraenses. Especialmente os nativos da antiga zona do contestado que havia entre os Estados do Pará e do Amazonas, até a primeira metade do século passado. Aquela região em torno do rio Nhamundá, que faz o limite entre os estados do Pará e Amazonas, onde ficam o lago do Aduacá e outros, que afinal foram reconhecidos como amazonenses. Claro que o crescimento de Manaus, em razão da Zona Franca, atraiu outros ribeirinhos paraenses mais “de baixo”, na linguagem nativa, como Santarém, Monte Alegre, Alenquer, Óbidos, etc.
A “rodagem” do Sr. Amazonino não lhe confere direito à ignorância desses fatos. Sobra então, a má fé ao pretenso desconhecimento.
A presença massiva de nativos deste ou daquele Estado, nesta ou naquela Unidade da Federação, há que ser entendida dentro do contexto histórico e não pode ser justificativa para atitudes preconceituosas e discriminadoras como a do prefeito de Manaus. As mesmas razões explicam o êxodo nordestino no rumo de São Paulo, no século passado e, de certa forma, a grande migração de maranhenses para este estado do Pará, nos últimos anos. E qualquer colocação preconceituosa, discriminadora, contra qualquer um desses cidadãos brasileiros é odienta, absurda e criminosa.
Sim, criminosa. Assim dispõe o artigo primeiro da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, com a redação dada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
Peço desculpas aos irmãos paraenses, pela atitude ridícula e detestável do prefeito de Manaus e coloco-me ao lado dos que clamam por providências do Ministério Público, da OAB, de entidades de defesa dos direitos humanos, que enfatizando os efeitos da prática do crime de preconceito para o cidadão comum- a denúncia, o processo e a prisão, perguntam: o que vai acontecer com o Sr. Amazonino Mendes?
Octavio Pessoa
Jornalista e advogado
E-mail: octavio.pessoa.ferreira@gmail.com
A cena grotesca chocou a todos quantos assistiram à matéria, nos telejornais. O jurássico homem público amazonense demonstrou, em primeiro lugar, despreparo para lidar com pessoas, em situações tensas. Por mais insensata possa ser a atitude da cidadã, nada explica, muito menos justifica a reação do prefeito de Manaus, que já foi governador daquele Estado e senador da República. Do verdadeiro homem público o mínimo que se espera é temperança, mesmo nas situações limites.
Ao obter da senhora, em resposta à pergunta dele, a afirmação dela ser paraense e, diante disso, fazer o comentário “então está explicado”, demonstrou o Sr. Amazonino, ignorância quanto à história recente do Estado do Amazonas e da Amazônia.
Qualquer pessoa medianamente informada sabe que o êxodo de nativos dos mais diversos estados amazônicos no rumo de Manaus, se deu a partir dos anos 60 do último século do milênio passado, em decorrência da política do governo militar para ocupar e desenvolver a Amazônia, por meio da implantação da Zona Franca de Manaus, em 1967, como estímulo à industrialização da cidade e suas adjacências.
Até pela facilidade de deslocamento e pelo fluxo tradicional de ribeirinhos da calha do rio Amazonas entre as cidades dessa calha, inclusive Manaus, na confluência com o Rio Negro, foi natural que essa migração para Manaus, se desse por paraenses. Especialmente os nativos da antiga zona do contestado que havia entre os Estados do Pará e do Amazonas, até a primeira metade do século passado. Aquela região em torno do rio Nhamundá, que faz o limite entre os estados do Pará e Amazonas, onde ficam o lago do Aduacá e outros, que afinal foram reconhecidos como amazonenses. Claro que o crescimento de Manaus, em razão da Zona Franca, atraiu outros ribeirinhos paraenses mais “de baixo”, na linguagem nativa, como Santarém, Monte Alegre, Alenquer, Óbidos, etc.
A “rodagem” do Sr. Amazonino não lhe confere direito à ignorância desses fatos. Sobra então, a má fé ao pretenso desconhecimento.
A presença massiva de nativos deste ou daquele Estado, nesta ou naquela Unidade da Federação, há que ser entendida dentro do contexto histórico e não pode ser justificativa para atitudes preconceituosas e discriminadoras como a do prefeito de Manaus. As mesmas razões explicam o êxodo nordestino no rumo de São Paulo, no século passado e, de certa forma, a grande migração de maranhenses para este estado do Pará, nos últimos anos. E qualquer colocação preconceituosa, discriminadora, contra qualquer um desses cidadãos brasileiros é odienta, absurda e criminosa.
Sim, criminosa. Assim dispõe o artigo primeiro da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, com a redação dada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
Peço desculpas aos irmãos paraenses, pela atitude ridícula e detestável do prefeito de Manaus e coloco-me ao lado dos que clamam por providências do Ministério Público, da OAB, de entidades de defesa dos direitos humanos, que enfatizando os efeitos da prática do crime de preconceito para o cidadão comum- a denúncia, o processo e a prisão, perguntam: o que vai acontecer com o Sr. Amazonino Mendes?
Octavio Pessoa
Jornalista e advogado
E-mail: octavio.pessoa.ferreira@gmail.com
sábado, fevereiro 12
Réquiem para o idealista morto. 27 anos depois.
Se vivo fosse, no dia 18 de fevereiro deste ano, Cléo Bernardo de Macambira Braga completaria 93 anos. Advogado, jornalista e professor, era considerado o maior orador da Amazônia e um dos maiores do Brasil.
Fundador e presidente do Partido Socialista Brasileiro- PSB, no estado do Pará, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas 1951 à 1955 e de 1959 à 1963. Imortalizou-se por liderar no Pará, a campanha “O Petróleo é Nosso”, em defesa do petróleo de da Petrobrás, como instrumento central do desenvolvimento brasileiro. Defensor ardoroso de Santarém, sua terra natal, já naquela altura, Cléo sonhava com a a rodovia Santarém Cuiabá e a defendia com todo vigor.
Preso e cassado pelo regime militar de 64, voltou à advocacia e ao jornalismo e morreu na madrugada do dia 7 de setembro de 1984.
Naquela altura, eu era um militante do Partido Democrático Trabalhista-PDT. No ano seguinte, a pedido do então presidente nacional do PSB, Senador Jamil Haddad, recebi a incumbência de, juntamente com o companheiro Orlando Bordalo Jr, reorganizar o PSB paraense. Tornei-me então, o secretário geral no Pará, com o Bordalo na presidência. Um infarto aos 34 anos, afastou-me da militância política. E a a vitória em concurso público para Auditor Federal de Controle Externo, do Tribunal de Contas da União, acentuou meu afastamento das lides partidárias, para exercer as atribuições com a isenção que merecem os cargos típicos de Estado. No próximo ano, se encerrará este ciclo de minha vida.
Naquele distante 7 de setembro, ao saber da morte de Cléo Bernanrdo, foi impossível não me emocionar, pois ele era para mim um referencial e fonte de inspiração. Escrevi então, um artigo, que eu tive a satisfação de ver inserido na página nobre do Jornal “O Liberal”. Segundo o também socialista, Leonam Cruz, eu teria feito poesia em prosa. Não sei dizer.
Compartilho agora, com quem me lê, especialmente com os filhos da Pérola do Tapajós, este artigo publicado na página 22 do 1ª Caderno, da edição do domingo, dia 9 de setembro de 1984:
REQUIEM PARA O IDEALISTA MORTO
“Companheiro Cléo,
Uma Pátria LIVRE - Democrática e Socialista - foi a razão de ser de tua vida. Em busca desse ideal, lutaste sempre com os meios que dispuseste.
Como expedicionário de nossas Forças Arma¬das, expuseste tua própria vida na luta contra a perfídia do nazi-facismo.
Como Parlamentar, defendeste ardorosa e coerentemente as idéias do Socialismo Democrático, denunciando o estado vigente, radicalmente oposto àquele com que sonhavas.
Arrancaram-te da tribuna parlamentar, por tuas idéias e atitudes.
Não te intimidaste. Prosseguiste em tua luta, dando-nos aulas dominicais de coerência e civis¬mo, tendo a coragem de abominar os imperialismos de direita ou de esquerda, incomodando os radicais, e de defender o Socialismo com Liberdade, pois esta é pressuposto daquele e so¬mente em um regime pluralista em que sejam respeitados os direitos elementares do homem este poderá atingir o fim para o qual foi criado - o de ser LIVRE.
Partiste, companheiro. No teu leito de agonia certamente não percebeste que transitaste no amanhecer de um dia em que, se te fosse dado escolher, com certeza nele gostarias de partir - 7 de setembro, o começo da Liberdade.
Partiste sem ver a tua Pátria, a nossa Pátria, como idealizaste. Dou-te um alento: o solo em que semeaste é fértil e a semente é fecunda. Tuas palavras não foram em vão. Encontra¬ram eco. Dia virá em que as tuas idéias brotarão. E de onde estiveres te regozijarás conosco, vendo que a luta não foi em vão!”
Octavio Pessoa – jornalista e advogado.
e-mail: octavio.pesso.ferreira@gmail.com
Fundador e presidente do Partido Socialista Brasileiro- PSB, no estado do Pará, foi eleito deputado estadual por duas legislaturas 1951 à 1955 e de 1959 à 1963. Imortalizou-se por liderar no Pará, a campanha “O Petróleo é Nosso”, em defesa do petróleo de da Petrobrás, como instrumento central do desenvolvimento brasileiro. Defensor ardoroso de Santarém, sua terra natal, já naquela altura, Cléo sonhava com a a rodovia Santarém Cuiabá e a defendia com todo vigor.
Preso e cassado pelo regime militar de 64, voltou à advocacia e ao jornalismo e morreu na madrugada do dia 7 de setembro de 1984.
Naquela altura, eu era um militante do Partido Democrático Trabalhista-PDT. No ano seguinte, a pedido do então presidente nacional do PSB, Senador Jamil Haddad, recebi a incumbência de, juntamente com o companheiro Orlando Bordalo Jr, reorganizar o PSB paraense. Tornei-me então, o secretário geral no Pará, com o Bordalo na presidência. Um infarto aos 34 anos, afastou-me da militância política. E a a vitória em concurso público para Auditor Federal de Controle Externo, do Tribunal de Contas da União, acentuou meu afastamento das lides partidárias, para exercer as atribuições com a isenção que merecem os cargos típicos de Estado. No próximo ano, se encerrará este ciclo de minha vida.
Naquele distante 7 de setembro, ao saber da morte de Cléo Bernanrdo, foi impossível não me emocionar, pois ele era para mim um referencial e fonte de inspiração. Escrevi então, um artigo, que eu tive a satisfação de ver inserido na página nobre do Jornal “O Liberal”. Segundo o também socialista, Leonam Cruz, eu teria feito poesia em prosa. Não sei dizer.
Compartilho agora, com quem me lê, especialmente com os filhos da Pérola do Tapajós, este artigo publicado na página 22 do 1ª Caderno, da edição do domingo, dia 9 de setembro de 1984:
REQUIEM PARA O IDEALISTA MORTO
“Companheiro Cléo,
Uma Pátria LIVRE - Democrática e Socialista - foi a razão de ser de tua vida. Em busca desse ideal, lutaste sempre com os meios que dispuseste.
Como expedicionário de nossas Forças Arma¬das, expuseste tua própria vida na luta contra a perfídia do nazi-facismo.
Como Parlamentar, defendeste ardorosa e coerentemente as idéias do Socialismo Democrático, denunciando o estado vigente, radicalmente oposto àquele com que sonhavas.
Arrancaram-te da tribuna parlamentar, por tuas idéias e atitudes.
Não te intimidaste. Prosseguiste em tua luta, dando-nos aulas dominicais de coerência e civis¬mo, tendo a coragem de abominar os imperialismos de direita ou de esquerda, incomodando os radicais, e de defender o Socialismo com Liberdade, pois esta é pressuposto daquele e so¬mente em um regime pluralista em que sejam respeitados os direitos elementares do homem este poderá atingir o fim para o qual foi criado - o de ser LIVRE.
Partiste, companheiro. No teu leito de agonia certamente não percebeste que transitaste no amanhecer de um dia em que, se te fosse dado escolher, com certeza nele gostarias de partir - 7 de setembro, o começo da Liberdade.
Partiste sem ver a tua Pátria, a nossa Pátria, como idealizaste. Dou-te um alento: o solo em que semeaste é fértil e a semente é fecunda. Tuas palavras não foram em vão. Encontra¬ram eco. Dia virá em que as tuas idéias brotarão. E de onde estiveres te regozijarás conosco, vendo que a luta não foi em vão!”
Octavio Pessoa – jornalista e advogado.
e-mail: octavio.pesso.ferreira@gmail.com
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