O
“Dia das Mães” é uma data que mexe com qualquer um de nós. Os que ainda tem mãe viva e também os que ganharam um
anjo junto ao Senhor, na
figura da mãe, que passou para o outro lado da Vida. Este é o meu caso.
Pesquisando
uma poesia, para homenagear as Mães, encontrei esta de Carlos Drumond de
Andrade:
MÃE,
para sempre:
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Li e reli diversas vezes e lembrei-me da mensagem
que escrevi e li aos presentes na
Celebração da Esperança, no sétimo dia após a subida de minha mãe. Começo o texto, citando Drumond e encerro com um texto de Santo Agostinho, super adequado para fechar meu texto, em que coloco
exatamente o que penso da vida e da morte e ainda, deixo expresso quem foi a minha mãe, para mim e para todos seus filhos e filhas. Veja a mensagem:
Parentes
e amigos,
O poeta Carlos Drummond de Andrade, num belíssimo poema sobre a lembrança
daqueles a quem amava, imaginava-se num salão onde um banquete reunia todos os
que já haviam partido e lhe eram próximos. Todos apenas esperavam por ele,
inclusive sua filha única e muito amada, que ele descreve como “seu verso
mais perfeito senão o único”.
Penso ser da natureza deste mundo que nossos
versos mais perfeitos também tenham que partir. Assim devemos encarar a Páscoa, a passagem da vida terrena para a Vida
Eterna, ocorrida há sete dias atrás com a nossa querida mãe, YOLANDA PAULAIN
FERREIRA- um grão de trigo que cumpriu a missão das Sagradas Escrituras, assim colocadas
por João, capítulo 12, versículo 24 “Se o grão de trigo que cai na terra não
morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muitos frutos”.
Estas palavras de Jesus são mais eloquentes que qualquer tratado. Revelam o segredo da vida. Não existe alegria de Jesus que não seja fruto de
uma dor abraçada. Não há ressurreição sem morte. Jesus fala de si mesmo e
explica o significado da sua existência. São palavras que dão sentido à nossa vida, ao nosso sofrimento, à
morte quando chega, como chegou para a mamãe.
A fraternidade universal pela
qual desejamos viver, a paz, a unidade que queremos construir ao nosso redor é
um vago sonho, uma ilusão, se não estivermos dispostos a percorrer o mesmo
caminho traçado pelo Mestre.
E a mamãe teve uma vida frutuosa.
Ela não foi só um grão. Morreu e se transformou numa árvore
generosa que deu muitos frutos. O mais lindo de todos, a nossa família. Que
sempre esteve ao lado dela, celebrando a Vida, até o fim. Ela será sempre exemplo
para todos nós, seus descendentes e todos os que privaram de sua convivência. Sua
ausência será sentida, mas sua memória permanecerá em todos nós que fomos
tocados por aquela vida tão simples, tão linda, tão honrada, tão digna.
Caríssimos, precisamos seguir acreditando e esperando que Deus, Aquele
que nos contém, nos anima e nos protege, que Ele opere o milagre do tempo,
transformando nossa dor em saudade. E, como o poeta, acreditemos na existência daquele salão, onde cedo
ou tarde, nos reuniremos mais uma vez com aqueles que amamos. Pois o Amor, esta força fundamental, nos permite transcender o tempo e o
espaço.
Concluindo, tenhamos certeza de que, lá de onde a mamãe está, ela, sorrindo, confirma estas palavras de Santo Agostinho:
“A morte não é nada.
Eu somente passei para o
outro lado do caminho.
Eu sou eu, vocês são
vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome que vocês
sempre me deram,
Falem comigo como vocês
sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no
mundo das criaturas,
Eu estou vivendo no mundo
do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste,
Continuem a rir daquilo
que nos fazia rir juntos.
Orem, sorriam, pensem em
mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja
pronunciado como sempre foi,
Sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo o
que ela sempre significou,
O fio não foi cortado.
Por que eu estaria fora de
seus pensamentos,
Agora que estou apenas
fora de suas vistas?
Eu não estou longe, apenas
estou do outro lado do caminho....
Você que aí ficou, siga em
frente,
Linda e
bela, como sempre foi, A VIDA CONTINUA.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário