Mais uma vez o Pará entra em
mídia nacional e mundial por motivos negativos, prejudiciais à sua imagem. Desta
vez, por conta da comoção nacional e internacional, causada pela matança de
cachorros abandonados, no município de Santa Cruz do Arari, município da Região do
Marajó, determinada pelo prefeito Marcelo Pamplona que, estrateginamente, “sumiu
do mapa”. Vai esperar a opinião pública esquecer o episódio e, quem sabe, voltar
a sr eleito.
Sem dúvida foi uma solução
equivocada e criminosa, perpetrada por um gestor público, para tratar dos
efeitos de um problema que não é privilégio de Santa Cruz do Arari ou do Marajó,
que padecem de outros problemas de igual ou maior gravidade, como o menor
índice de IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, do país. Em maior ou menor escala,
a superpopulação animal é observada
em quase todas as cidades brasileiras.
O enfrentamento dessa
questão é dever do Estado, que não tem políticas públicas voltadas para a
questão e é titubeante em adotá-las. Assistí há alguns meses atrás, o diretor
do Centro de Zoonoses do Pará, entrevistado num programa de televisão, afirmar
que haveria ações voltadas para os animais abandonados. Fiquei surpreso. Se é
que existem essas ações, não se percebe a efetividade delas. Pelo contrário. A cada dia que passa, aumenta
o número de animais abandonados, na capital paraense e em todas as cidades do
interior. O que evidencia a ausência de vontade do Poder Público, de assumir
essa sua obrigação. Basta se andar pelas ruas de Belém, ou de qualquer cidade
do interior, para se constatar o aumento
expressivo dos animais abandonados, especialmente cachorros e gatos.
Examinando-se a questão à
luz da “lei de causa e efeito” (dada a causa, segue o efeito; mantida a causa, mantido o efeito; eliminada a causa, eliminado
o efeito), nossa indignação deve ir além da matança dos animais, que é uma reação
emocional diante do efeito de um problema
que é sério, grave e cada vez mais fora de controle. E alcançar as autoridades que
se omitem do dever de tratar com firmeza a superpopulação animal. Aí sim, nossa
indignação se volta contra a causa do problema, uma atitude racional.
Urgem medidas concretas por parte do governo do
Estado, competindo também às prefeituras municipais, inclusive a da capital,
fazerem a sua parte, com a definição clara, da responsabilidade de cada uma dessas
esferas. Fazem-se também necessárias, regras objetivas e amplamente divulgadas,
para que a população fiscalize sua
execução e também, faça a parte que lhe cabe, como acontece em todos os países que lograram
solucionar o problema de superpopulação animal ou sequer o tiveram.
A imprensa e nós, formadores de opinião, temos um
papel importantíssimo nesse processo de busca de resultados concretos para a solução
do problema da superpopulação animal em nosso Estado, louvando-nos inclusive do
efeito viral das redes sociais, para que os Poderes Públicos saiam de sua
acomodação e cumpram o que é da sua competência.
A mudança de postura desses Poderes
é urgente e necessária, para que o Estado do Pará deixe de entrar em mídia
nacional e mundial, somente por motivos
que maculam a dignidade de seu povo, que é tão vítima quanto os animais que
foram abatidos em Santa Cruz do Arari.
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