domingo, junho 22

AJUDANDO A ESCREVER O FUTURO

         
Professoras Rita,, Francy Léa, Ierecê, Conceição  e Selma 
        Na quarta-feira, dia 18 de junho, estive na Escola Salesiana do Trabalho, “batendo papo” com adolescentes e jovens, durante oficina promovida pelas professoras de Língua Portuguesa, Conceição Santos Lima,  Ierecê Damasceno Pereira de Sousa, Rita Barbosa, e Selma Nazaré Jesus de Sousa, sob a coordenação da professora Francy Léa Resende.


            A oficina é uma atividade da etapa escolar do regulamento da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro/2014, que é voltada para a formação de professores objetivando a melhoria do ensino, da leitura e da escrita nas escolas públicas brasileiras. A Olimpíada originou-se do Programa Escrevendo o Futuro da Fundação Itaú Social e do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), que o realizavam desde 2002. Nos anos pares, o Programa realizava concurso entre os alunos das quartas e quintas séries do ensino fundamental com o tema “O lugar onde vivo”, trabalhado nos gêneros Reportagem, Texto de Opinião e Poesia e nos ímpares oferecia aos professores, ações de formação presencial e à distância.



          A partir de 2008, firmada parceria, o Ministério da Educação incluiu o Programa no seu Plano de Desenvolvimento da Educação como uma ação denominada Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, ampliando o universo dos alunos participantes do certame. De lá para cá o Programa foi se aperfeiçoando a cada ano, oferecendo meios e instrumentos para professores e alunos, como os Cadernos Virtuais lançados este ano, adaptação da Coleção da Olimpíada ao suporte digital, com linguagem hipertextual e diversos recursos multimídia, como áudios, textos para projeção, vídeos e jogos.


     Pelo regulamento, os alunos devem escrever um texto, em Língua Portuguesa, original e de autoria exclusiva, sobre o tema “O lugar onde vivo”, nas modalidades Poema para os alunos dos quinto e sexto ano, Memórias Literárias para os de sétimo e oitavo anos do ensino fundamental. Os alunos do nono ano do ensino fundamental e primeiro ano do ensino médio devem escrever uma Crônica e os dos segundo e terceiro anos, um Artigo de Opinião. Em se tratando de uma Olimpíada, os trabalhos apresentados pelos alunos e professores podem ser premiados em nível municipal, estadual e nacional.

          Uma estratégia frequentemente utilizada pelos organizadores das oficinas é convidar um profissional da comunidade habilitado a conversar com os alunos, para que eles tenham mais elementos para sua redação. Foi com esse objetivo que meu nome foi indicado pelo amigo e professor Edward Martins de Aquino. 



A partir das crônicas do meu livro “Causos Amazônicos” e comentários sobre meus projetos literários, conversei com mais de 600 adolescentes e jovens do oitavo ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, dos turnos da manhã e da tarde. Com muita interatividade buscamos juntos caracterizar os gêneros literários que vão desenvolver e os elementos necessários para bem se escrever, ficando evidenciada a importância da leitura.



No final, convidaram-me a comparecer à Mostra Cultural do dia 21 de novembro, quando os alunos da Escola Salesiana do Trabalho realizarão atividades em reconhecimento à atividade por mim desenvolvida com eles. Estarei presente sim, pois foi muito gratificante o enriquecimento da convivência com jovens e adolescentes e também, com professoras comprometidas com resultados.

          A Escola Salesiana do Trabalho fica na Avenida Pedro Miranda com a Travessa Alferes Costa, no bairro da Pedreira, em Belém. É uma instituição de ensino fundada pelo Padre Lourenço Bertolusso em 1962, voltada para o público carente de formação profissional. Desenvolve vários programas educativos, desde o ensino fundamental e médio, até a iniciação profissional para adolescentes.




quinta-feira, junho 19

ENCONTRO DE GENTE




          Copa do Mundo. Encontro de povos, de gente de diversas culturas. Rara oportunidade de convivência entre diferentes e de se exercitar a visão não etnocêntrica, essa tendência humana de se considerar as normas e valores da própria sociedade ou cultura como critério de avaliação das demais. E de se compreender que não existe cultura boa ou ruim, mas que há culturas com costumes e valores diferentes. Um momento pra se refletir sobre o nosso jeito de ser.

Foi o que se deu depois do jogo de estreia da seleção japonesa. Os nipônicos limpando todo o estádio ao final do jogo, não foi nenhuma lição de “caso pensado”, sim o exercício de uma prática natural entre pessoas daquele povo que habita uma ilha onde um terço apenas do território é arável, portanto habitável e que é frequentemente sacudida por terremotos, tsunamis e outros abalos sísmicos e ainda, sofreu os efeitos de duas bombas atômicas na II Guerra Mundial e teve sua economia fortemente abalada nas últimas décadas do século passado. Situações adversas que levaram o povo a relevar o bem-estar coletivo em detrimento do individual. Especialmente após a segunda grande guerra, quando precisaram reconstruir o país, sendo esses valores transmitidos de geração à geração, o que leva cada japonês a guardar no bolso o lixo eventualmente produzido fora de casa e a colocá-lo no recipiente próprio quando chega em sua residência.

          O exemplo nos coloca de encontro à nossa triste realidade. Vivemos num país de dimensões continentais, potencialmente rico, pouco atingido por intempéries de grandes proporções, o que talvez explique nosso “estar à vontade” nosso individualismo, nossa deseducação em que, por exemplo, cidadãos ditos “de bem”, madames, “patricinhas” e “mauricinhos” levam sem nenhum constrangimento seus cachorros para fazer cocô na via pública, pra ficar apenas num exemplo comum e sintomático.

          De repente me alonguei no que pretendia ser apenas um parágrafo introdutório. O que quero compartilhar com você, caro leitor, é um encontro singular de pessoas, de gente, todavia tendo o mesmo mote da introdução: Copa do Mundo e encontro de gente. O fato se deu na fila do caixa de um supermercado, quando providenciava minha colaboração para os “comes e bebes” durante o jogo de estreia da seleção brasileira na casa de um amigo.

          Encontrava-me no “rabo” de uma das filas de caixa, quando chegou um senhor de idade e pediu-me para “guardar o seu lugar”, informando a quem chegasse depois, enquanto ele estivesse ausente. Falou-me ainda que a esposa dele estava fazendo as compras, por sinal também pra levar pra casa de um amigo, onde iriam assistir ao jogo. Acrescentou que ele estava “cuíra” pra tomar um café e por isso iria ausentar-se por alguns instantes. Perguntou-me se eu também gostaria de tomar um cafezinho. Agradeci a gentileza e assumi o compromisso de guardar o lugar dele.

          Na sua volta, quando a fila já crescera exponencialmente, prosseguimos aquele gostoso diálogo. Logo percebemos sermos meio xarás. Ele Luiz Octavio e eu Octavio José. A partir dessa identificação, o “papo” fluiu como dois velhos conhecidos. Tanto quanto eu, ele é aposentado, no caso dele, da UFPA, onde foi professor do Departamento de Engenharia Mecânica. Mas o que mais me chamou atenção foi a afirmação dele de que nunca ao longo de sua vida profissional fez tantas coisas como faz agora e se sente tão útil. Isso acentuou nossa identificação, porque é assim que eu me sinto, depois de 35 anos de serviço público.

          A conversa fluía tão intensamente que parecia não estarmos ali no meio daquele tumulto. Daí a pouco chegou a esposa dele com uma quantidade significativa de produtos nas duas mãos. Não usava um carrinho. Não tive dúvida de sugerir o compartilhamento do carrinho que eu ocupava, pra que ela também acomodasse suas compras. Notei a forma como ele me olhou diante do meu gesto espontâneo. Havia um misto de surpresa, agradecimento e emoção.

          Conversamos até o momento de eu passar minhas compras. Pra mim e com certeza pra ele foi como se o tempo não houvesse passado. Na verdade foi curto para tanto aprendizado recíproco. Ao nos despedirmos ele disse algo que me deixou com a alma mais leve. Falou que por tudo o que ele ouvira, certamente muita coisa importante eu já fiz na vida, mas que de todos os títulos que eu possa ter, há um que talvez nunca ninguém me tenha outorgado, mas que é o mais importante de todos. Você é GENTE, sentenciou ele.

          Pra mim foi um encontro de GENTE. Um encontro de afins, segundo Artur da Távola na crônica “Afinidade o sentimento que resiste ao tempo e ao depois”. Não trocamos cartões nem telefones, mas tenho certeza de que o dia que nos reencontrarmos, o “papo” vai prosseguir normalmente como se nenhuma interrupção tivesse ocorrido e como se o tempo não houvesse passado.

          Ah meu meio xará! Quem dera se as pessoas se olhassem mais com o espírito desarmado e sem qualquer preconceito se acolhessem mutuamente, mesmo nas condições adversas, se houvesse mais cooperação e menos competitividade. Certamente todos viveriam mais felizes e o mundo seria muito melhor.                   


          

terça-feira, junho 10

BELÉM, PORTO-POEMA DA AMAZÔNIA






       
      
Muito proveitosa a reunião de ontem à noite dos organizadores do Evento da Amazônia do 100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças que apreciou o Projeto apresentado pelo empreendedor sócio-cultural Octavio Pessoa, para a realização do evento de 2014. O produtor musical Paulo Assunção enriqueceu a proposta, especialmente com a inclusão de prestadores de serviços estratégicos para o sucesso do evento e sugestões voltadas para o aprimoramento da estrutura de palco.    
          

 O evento terá como semântica, por inspiração do escritor Daniel Leite, “Belém, porto-poema da Amazônia”, em face da  indiscutível efervescência cultural que vive a capital paraense especialmente no campo da Poesia e confirmando a tese do reconhecimento de Belém como a Capital Amazônica da Poesia.
  Por isso a logomarca deste ano terá o ícone permanente do Evento da Amazônia, a Samaumeira  do Hangar, mixada à foto do porto de Belém da perspectiva da Estação das Docas com destaque para os guindastes, um ícone de Belém. Resultado da fusão das imagens da Samaumeira em foto de Ylen Brito e do porto de Balém, de autoria do publicitário Nailson Guimarãoes. 
     A programação deste ano será no sábado, dia 27 de setembro, de 18 às 22 h, no Anfiteatro São Pedro Nolasco, da Estação das Docas, data em que mais de 1.000 eventos similares serão realizados em mais de 100 países do mundo. É a versão amazônica “100 Thousand Poets & Musicians for Change”, idealizado pelos poetas e ativistas Michael Rothenberg e Terry Carrion e trazido para Belém pelo poeta Benny Franklin.

  Os poetas americanos propõem a reunião de poetas, escritores e músicos com o público da sua comunidade, nos mais diversos lugares do planeta, para apresentarem sua obra e desenvolverem temas como a busca da paz mundial, da sustentabilidade do planeta e outros afins, mesclados a assuntos de interesse da própria comunidade, sendo assim um evento glocal- que harmoniza interesses globais e locais. A Stanford University/USA chancela e registra todos os atos dos 100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças pelo mundo afora, por identificar na proposta um movimento histórico de repercussão mundial.
Desde 2012, um grupo de poetas, escritores e músicos identificados com a proposta vem realizando em Belém, o Evento da Amazônia assim chamado por ser o pioneiro na região norte do Brasil. Naquele ano, adotaram a semântica “Fazer da Paz Um Verbo”, em 2013 “Por Um Rio de Paz na Cidade das Águas”, sempre inspiração de Daniel Leite. Nas duas vezes, mais de duas dezenas de poetas que raramente teriam oportunidade nos espaços culturais da cidade, se sucederam no palco do Anfiteatro São Pedro Nolasco, em blocos intercalados por números musicais. E artistas de reconhecida produção também apresentaram ao grande público obras de relevante importância social, como se deu no ano passado com o poeta, escritor, compositor e produtor cultural Carlos Correia Santos.
Essa característica do Evento da Amazônia de abertura de espaço para poetas, escritores e músicos com potencial produtivo ou mesmo com produção concretizada mas de pouco conhecimento público e também a  oferta de oportunidade para  artistas renomados apresentarem obras de relevante importância social ao grande público motivou os presentes na reunião a ratificarem a proposta de incremento da profissionalização do Evento da Amazônia. 
   Eles se colocam agora em campo, para captar recursos junto a instituições, empresas e pessoas que queiram associar sua marca ou seu nome a um evento de indiscutível valor sócio-cultural que, ampliarão sua visibilidade junto ao público, pois a marca ou o nome será exibido durante toda a programação do evento no painel de fundo do palco e também no contexto e na contracapa do DVD que será editado para ser doado a universidades, escolas e entidades sociais.O apoiador/patrocinador será também mencionado em todas as mídias onde o evento for divulgado.
Como nos anos anteriores, após a abertura do Evento da Amazônia, será recitado um poema em que a Semântica “Belém, porto-poema da Amazônia” será explicada. Sucedendo-se depois no palco, blocos de poetas apresentando sua obra, intercalados por números musicais.

No final, o violonista paraense de renome internacional, Salomão Habib, será homenageado por sua extensa pesquisa de mais de 25 anos sobre a vida e a obra do músico paraense Tó Teixeira. Após a apresentação musical de Habib, com a participação de Márcia Waina Kambeba, autêntica representante da etnia Omágua/Kambeba, ele será agraciado com uma placa em que ficará consignado o reconhecimento dos 100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças e do público paraense, pelo trabalho, pela vitoriosa carreira e por sua arte, “o único bem que imortaliza o ser humano”, segundo o próprio Salomão Habib.


Salomão Habib, o grande homenageado deste ano.