quinta-feira, novembro 21

PROJETO RECICLAR PARA CONSERVAR E A ONG AMIGOS DO SAL


Na reunião de 15 de novembro nasceu a Ong Amigos do Sal

Na história de Salinópolis/PA houve diversas iniciativas do poder público e  de empresas privadas para limpar as praias.  Meritórias na intenção, revelaram-se insuficientes, ante a falta de continuidade.



Praia do Atalaia após o veraneio. Salinas que não queremos
Os resíduos sólidos são uma ameaça ao planeta, sendo sua produção   proporcional ao crescimento da população mundial que se dá em escala geométrica. Cada ser humano produz, em média, de meio a um quilo e meio de resíduos sólidos, diariamente, segundo as estatísticas. Sendo em torno de seis bilhões de pessoas a população mundial, a produção diária de resíduos é de  três a quatro bilhões e meio quilos/dia. Grande parte desses resíduos é lançada a céu aberto, com desperdício de matéria prima e de energia e degradação ambiental,  decorrente de  planejamento inadequado.

Para responder a essa realidade, foi constituída a Ong Amigos do Sal que terá como seu primeiro desafio, a limpeza das praias de Salinas, por meio do Projeto Reciclar Para Preservar, que foi exposto por Francisco Pacheco, Coordenador do PLANSANEAR (Apoio aos Municipios na Elaboração do
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS),
um dos  elaboradores do Projeto, aos presentes na reunião de 15 de novembro, em Salinas.  O Projeto é um estudo embasado na Lei 9.795, de 27 de abril de 1999,  que se propõe a preservar as praias de Salinas, pela implantação de um sistema de coleta seletiva de resíduos e materiais recicláveis e também, por meio de campanhas de  sensibilização da sociedade,  para a preservação ambiental.

Francisco Pacheco apresenta o Reciclar Para Preservar
Pelo Reciclar Para Preservar, diagnostica-se inicialmente a situação dos resíduos sólidos gerados nas praias, verificando a origem e o volume, levanta-se as opções de destino para esses resíduos e busca-se parceiros governamentais e privados para efetivar a destinação adequada. Faz-se reuniões com os envolvidos na cadeia produtiva, levantam-se informações, elaboram-se cadastros, definem-se  espaços para acondicionamento dos resíduos sólidos e inserem grupos interessados no projeto, como as cooperativas e associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. São também previstas reuniões de planejamento com as Prefeitura Municipal,  Sociedade Civil, Câmara Municipal e Ministério Público,  construção   de galpões de triagem, compra de equipamentos para cooperativas de catadores, disseminação da Educação Ambiental  por meio de  reuniões com professores e interação com igrejas e associações, implantação de Locais de Entrega Voluntária (LEV) e Postos de Entrega Voluntária (PEV) e a realização da campanha educativa “Preserve Sua Praia”, pelas redes sociais e todos os meios de comunicação.  

          Ante a a visão sistêmica do Projeto, os presentes adotaram o Reciclar Para Preservar como primeiro projeto da  Amigos do Sal, uma associação nos termos do Art. 44, item I do Código Civil, que pela sua forma de atuação se caracteriza como uma Organização Não Governamental/Ong, grupo  sem fins lucrativos  organizado para realizar ações de interesse social. Daí adotar  o nome fantasia Ong Amigos do Sal, facultado no parágrafo único do Art. 1º dos  Estatutos.

          O universo da ação são as praias do Atalaia e da Marieta e também, o lago da Coca Cola. O objeto é a limpeza desses espaços, por meio de coleta seletiva de materiais recicláveis e destinação adequada. Escolha estratégica, visualizando resultados concretos, no menor espaço de tempo possível. O que dependerá dos convênios, contratos e acordos com organismos governamentais, não governamentais, nacionais e internacionais que venham a ser celebrados, nos termos do inciso XIII do Art. 4º dos Estautos.

          Os sócios da Ong Amigos do Sal tem dimensão do desafio, mas confiam no legado para as futuras gerações. E acreditando na replicação do projeto noutros municípios, ampliaram a área de atuação da Amigos do Sal,  para os municípios do Polo Turístico Amazônia Atlântica, (http://www.setur.pa.gov.br/content/programa-2).


          Se o associado da Ong Amigos do Sal candidatar-se a mandato eletivo, assumir presidência de partido ou aceitar cargo em comissão, ele é obrigado a  fastar-se da Amigos do Sal, pelos Estatutos que também determinam à entidade o acompanhamento do desempenho orçamentário e financeiro do município, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal e a impede de  receber doação ou subvenção que comprometa sua independência e autonomia.  

A praia do Atalaia vai voltar a ser assim.

quarta-feira, novembro 13

SANTARÉM E EU. EU E SANTARÉM

Retornando do Encontro das águas do Tapajós e Amazonas. Panorâmica de Santarém/PA


          Conheci Santarém na adolescência. Foi numa “embaixada”, como chamávamos aos passeios coletivos de estudantes, dos alunos do terceiro ano ginasial do Colégio Nossa Senhora do Carmo, de Parintins/AM, minha terra natal. Lembro-me bem. Viajamos no barco a motor “Carlos Mário”, do meu falecido tio Militão Paulain, pai do Mário José, meu colega de turma e companheiro de “traquinagens”.

          Uma viagem inesquecível. Fomos recepcionados em Santarém pelas alunas do Colégio Santa Clara, quando agradeci, em nome da turma, aquela calorosa acolhida. Tão calorosa que uma das alunas despertou meu amor juvenil. Coisas da paixão. A vida nos levou para rumos diferentes. Noutro dia, eu e os colegas participamos de uma festa no colégio estadual Álvaro Adolfo. O melhor mesmo foi o passeio à praia de Maria José, uma das mais belas que conheci. Em boa companhia, melhor ainda se tornou o passeio para todos.

Daniel Leite mediando o Papo Literário com Guilherme Fiuza
          Muitos anos depois, retornei à Santarém por duas vezes, em auditorias do Tribunal de Contas da União, na Prefeitura Municipal daquela cidade. Objetivo de trabalho, pouco tempo para o  lazer, mas lembro que, numa delas, que coincidiu com a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, eu e o colega Israel da Silva Gomes fomos até a praia de Alter do Chão.




          Outros anos se passaram, já aposentado do TCU e dedicando-me agora, à literatura e comunicação, minhas origens, retornei à Santarém, como diz o Rubem Alves, no “outono da vida”. Acompanhado de minha esposa Ana Celeste, fomos participar do VI Salão do Livro da Região do Baixo Amazonas, uma atividade da Feira Pan-Amazônica do Livro, promovida pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará/Secult. E também, para desfrutarmos as maravilhas da Pérola do Tapajós.

 
Voltando da Ilha dos Amores, em Alter do Chão
         
        Fiquei encantado com tudo o que vi. Uma cidade limpa, bem cuidada e estruturada, ainda sem os graves problemas de trânsito que afligem as cidades de grande porte. Um povo educado e hospitaleiro e o melhor de tudo, uma efervescência cultural impressionante. As lindas praias, inclusive Alter do Chão, o Caribe Amazônico e a gastronomia em que prevalecem os peixes próprios da região, são um caso à parte. Conhecemos grande parte dos excelentes restaurantes santarenos.

         
               Visitamos o Museu de Arte Sacra, anexo à Catedral de Nossa Senhora da Conceição, onde colhi  elementos cruciais para a pesquisa que estou realizando acerca de um tema da maior importância para a Amazônia, que redundará num documentário escrito ou um romance histórico, minha próxima obra.

Aos 93 anos, D. Dica continua produzindo

Conhecemos pessoas singulares, como Dona Dica Frazão, em seu Museu/Ateliê/Residência. Uma verdadeira artista que confecciona as mais lindas peças exclusivamente com materiais regionais. Desde singelos pequenos brindes até vestidos de noiva, indumentárias para personagens do Boi Garantido, de Parintins, sendo ela a criadora da personagem Sinhazinha da Fazenda e também, já confeccionou roupas para personalidades como a Rainha Sophia, da Suécia. De cada peça importante produzida ela faz uma réplica, para expor em seu Museu.         



Dona Dica já ganhou placas e diplomas como reconhecimento pela sua  produção, mas apoio financeiro governamental, não teve nenhum. Hoje, diversas caixas contendo peças feitas por ela, empoeiram sobre um armário, mesmo tendo espaço reservado para a exposição, pois falta-lhe condições financeiras para os equipamentos necessários. Isso tudo, mesmo sendo ela conhecida e visitada por governantes dos mais diversos naipes, do passado e do presente. Dona Dica, aos 93 anos e com as limitações decorrentes de uma queda, mantém lucidez invejável e, além de tudo, é poeta.  





Com  o Mestre Édson Berbary
Minha participação no VI Salão do Livro da Região do Baixo Amazonas foi altamente proveitosa. Pessoas das mais variadas faixas etárias compraram exemplares do meu livro de crônicas “Causos Amazônicos”, cuja primeira edição de mil exemplares está chegando ao fim. Convivi com escritores e artistas paraenses, inclusive de municípios do Baixo Amazonas e também, com intelectuais vindos do sul/sudeste, como Inácio de Loyola Brandão e Guilherme Fiuza. Foi emocionante o encerramento da programação cultural do Salão, com o grupo Cia do Tijolo, de São Paulo, com o espetáculo “Cante lá que eu canto cá", um sarau literário e musical inspirado nas obras do poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. 

          Outra vivência da maior importância, na minha estada santarena, foi o contato com professores e servidores da Universidade Federal do Oeste do Pará/UFOPA, que se encontra em fase final de implantação e realizará, nos próximos dias, a primeira eleição para seu corpo dirigente.

          É digno de louvor o trabalho dos implantadores da UFOPA, que criaram e desenvolvem uma Universidade na acepção mais precisa que o tempo comporta. Uma instituição que interage com os diversos segmentos da sociedade e  procura responder às demandas da realidade onde ela está implantada, preparando inclusive, mestres e doutores para atender as necessidades do Oeste do Pará. Um trabalho que merece ter continuidade.

Na segunda-feira passada, a UFOPA outorgou título de Doutor Honoris Causa ao violonista e compositor Sebastião Tapajós, músico santareno reconhecido internacionalmente. Formado pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa, em Portugal, Sebastião foi professor de violão clássico do Conservatório Carlos Gomes. Ao executar a obra-prima de Villa-Lobos, Concerto para Violão e Pequena Orquestra, com a Orquestra Sinfônica Nacional no Teatro Municipal do Rio teve sua carreira projetada no exterior. Detentor de sólida carreira internacional, hoje tem 50 discos lançados.









sexta-feira, novembro 1

E POR FALAR EM POESIA… (o retorno)



       Recebi do imortal da Academia Paraense de Letras, Roberto Carvalho de Faro, e-mail em que o “Lobo Magro” como é carinhosamente chamado pelo poetamigo Daniel da Rocha Leite, tece poeticamente considerações sobre a última postagem deste blog.

A última edição
Do blog do Octavio
Merece uma correção.
Deve chamar-se
Bloguetícias
Ou bloguesias
Ou bloguemações.
Está repleto de notícias,
De poesias,
De informações.
Isso sim,
É um bloguesão!

          Na foto abaixo, o “Lobo Magro”, entre Benny Franklin, Walcyr Monteiro e eu, após prestigiarmos o evento A NOITE É UMA PALAVRA,  do dia 29 de outubro passado.


          A NOITE É UMA PALAVRA é uma realização da Fundação Cultural Tancredo Neves dirigido pela professora Bella Pinto, que acontece na última quinta-feira de cada mês, no hall Ismael Nery, do CENTUR.       
          
Poetas com a Professora Bella Pinto, à direita 


          Obrigado pelo incentivo, meu mestre Lobo Magro. Quero tornar este blog cada vez mais um veículo da poesia, da música, das artes em geral, colocando-me ao lado dos que entendem serem necessárias iniciativas culturais espontâneas, preenchendo um espaço hoje incentivado, preponderantemente, por recursos públicos.