Nesta
prolongada estada carioca, tenho convivido com pessoas interessantíssimas.
Poetas, escritores, autores teatrais, cantores, enfim, amantes da palavra
escrita, falada ou cantada. Gente como Flávia Côrtes, Márcia Mendes, Marisa
Vieira, Maria do Carmo Bonfim,Vânia Moraes, Eduardo Tornaghi, Manoel Herculano, Márcio Rufino, Naldo Velho, Mozart Carvalho,
Sérgio Gerônimo e tantos outros. Também tenho participado de saraus, tenho ido ao teatro, ao cinema e, acima
de tudo tenho andado pela maravilhosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro
e a olhado, com visão mais contemplativa. Vivências gratificantes e necessárias,
para quem em breve, vai “virar uma página da vida”, aposentando-se do serviço
público, e que pretende dedicar-se exclusivamente à comunicação- minha origem (na juventude, fui locutor de rádio), e à literatura.
No
sábado passado, pela primeira vez entrei no Museu de Arte Contemporânea, de
Niterói/RJ. Há tempos, eu queria entrar nele. Só o conhecia por fora e ficava
encantado com a sinuosidade das linhas de Niemayer, deliberadamente compondo com as suaves curvas dos morros do Rio de Janeiro.
Lucília Dowslley |
E, nada melhor do que unir o útil ao agradável. Minha presença no MAC foi para prestigiar e participar do programa “Um Brinde à Poesia”, idealizado pela poeta maior, Lucília Dowslley, que o conduz com simplicidade e competência. É um sarau realizado de 15 em 15 dias, aos sábados, no MAC. Programa que também é realizado, noutros dias, em outros espaços do Rio de Janeiro.
A programação foi extensa e diversificada. Li a crônica “Uma Procissão ‘Duca’”, do meu livro “Causos Amazônicos” e, penso, a leitura agradou ao público, que gargalhou em diversos momentos, tendo entrado portanto, no clima hilário da maioria de minhas crônicas. No final, a poeta paraense Vânia Moraes, radicada do Rio de Janeiro, me cumprimentou e disse que retornou a Belém, ao ouvir a expressão “Égua, parente!”, na entonação precisa, dita pelo "papudinho profissional", HG, personagem da crônica.
Diversos
poetas, homens e mulheres das mais diversas idades, sucederam-se ao microfone.
Todos, sem exceção, “disseram a que vieram”, ou, mais precisamente, disseram o
que foram fazer, naquele evento de Poesia, que também é permeado por música de qualidade. Ausência sentida foi a da poeta paraense, Wanda Monteiro que, por motivos familiares, não pode comparecer, naquele sábado, ao Brinde à Poesia. Mas já falei com ela, por telefone e, antes do meu retorno a Belém, vamos nos encontrar, para tomar um drink poético.
Naldo Velho |
Uma
apresentação em particular, prendeu minha atenção, por seu caráter questionador
da nossa realidade e por “mexer” com o nosso comodismo. Trata-se do “URBANOSEMCAUSAa”,
que pode ser lido “Urbano sem Causa”, mas me coloco ao lado dos que leem
“Urbanos em Causa”.
Nessaa obra de Mozart Carvalho e Sérgio Gerônimo, o dia a dia do homem e da mulher, nos centros urbanos, é questionado. Nas palavras de Naldo Velho, prefaciador do livro, o leitor encontra, em URBANOSEMCAUSA, “momentos de extrema crueldade, miscigenados e contrastados a um lirismo implícito envolto numa certa nostalgia de quem pede socorro e anseia por mais ar para respirar, por mais harmonia para viver, por mais suavidade para poder semear e colher no tempo certo uma realidade melhor, com condições mais dignas para aqueles que hoje vivem anestesiados pela velocidade inconsequente dos nossos tempos”. Para Naldo, escritor, músico e artista plástico, muito mais do que qualquer modismo ou regra estabelecida pelo bom comportamento literário, deve-se esperar de um livro de poemas, a coragem de se entregar aos desafios estéticos, pois o poeta nada mais é do que um artesão das palavras e, nos dias de hoje, mais do que nunca, necessita do mergulho sem preconceitos, em conteúdos que sejam inovadores. É a busca quase que obsessiva por novas abordagens e, principalmente, da honestidade de quem não se aprisiona a tribos de pensamentos ideológicos, religiosos, ou mesmo filosóficos, pois só assim, ele, Naldo, entende a arte: "um mergulho na imensidão em busca de sementes que possam frutificar em nós, palavras ‘fazendeiras’ de crescimento e compreensão”. Opinião que assino embaixo.
E é o que fazem, em URBANOSEMCAUSA, Mozart Carvalho e Sérgio Gerônimo. Sem falsos pudores, explodem conceitos, mazelas, hipocrisias e incoerências. Tudo isso como se nos dissessem da necessidade de "se parar com tolas discussões aprisionadas a ideologias falidas ou a conservadorismos mofados, posto que, já provaram não ser solução para coisa alguma, e que já é hora de começarmos a discutir o caos de cada dia, com o coração desarmado e sem idéias preconcebidas", observa Naldo.
Nessaa obra de Mozart Carvalho e Sérgio Gerônimo, o dia a dia do homem e da mulher, nos centros urbanos, é questionado. Nas palavras de Naldo Velho, prefaciador do livro, o leitor encontra, em URBANOSEMCAUSA, “momentos de extrema crueldade, miscigenados e contrastados a um lirismo implícito envolto numa certa nostalgia de quem pede socorro e anseia por mais ar para respirar, por mais harmonia para viver, por mais suavidade para poder semear e colher no tempo certo uma realidade melhor, com condições mais dignas para aqueles que hoje vivem anestesiados pela velocidade inconsequente dos nossos tempos”. Para Naldo, escritor, músico e artista plástico, muito mais do que qualquer modismo ou regra estabelecida pelo bom comportamento literário, deve-se esperar de um livro de poemas, a coragem de se entregar aos desafios estéticos, pois o poeta nada mais é do que um artesão das palavras e, nos dias de hoje, mais do que nunca, necessita do mergulho sem preconceitos, em conteúdos que sejam inovadores. É a busca quase que obsessiva por novas abordagens e, principalmente, da honestidade de quem não se aprisiona a tribos de pensamentos ideológicos, religiosos, ou mesmo filosóficos, pois só assim, ele, Naldo, entende a arte: "um mergulho na imensidão em busca de sementes que possam frutificar em nós, palavras ‘fazendeiras’ de crescimento e compreensão”. Opinião que assino embaixo.
E é o que fazem, em URBANOSEMCAUSA, Mozart Carvalho e Sérgio Gerônimo. Sem falsos pudores, explodem conceitos, mazelas, hipocrisias e incoerências. Tudo isso como se nos dissessem da necessidade de "se parar com tolas discussões aprisionadas a ideologias falidas ou a conservadorismos mofados, posto que, já provaram não ser solução para coisa alguma, e que já é hora de começarmos a discutir o caos de cada dia, com o coração desarmado e sem idéias preconcebidas", observa Naldo.
Mozart
Carvalho, poeta carioca, ensaísta, ilustrador, tradutor, atual vice-presidente
da Associação Profissional dos Poetas do Estado do Rio de Janeiro – APPERJ,
membro do PEN Club do Brasil, da União Brasileira dos Escritores- UBE/RJ e da
ACLAL (Portugal), membro do Conselho Editorial da Oficina Editores, é professor
de Língua Portuguesa, Produção Textual/Literatura/Inglês/Literaturas Americana
e Inglesa, especialista em Língua
Latina, membro do Grupo de Estudos de Línguas Clássicase Orientais (LECO), da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro- UERJ. Publicou dois livros infantis,
“O Cervo e o Lago” e “A Raposa e a Cegonha”, que foi roteirizado para teatro.
Sérgio
Gerônimo, psicólogo pós-graduado em Psicossomática Contemporânea, poeta
carioca, cronista e ensaísta, editor-chefe da Oficina Editores, é fundador e
atual presidente da APPERJ, membro do PEN Clube do Brasil, da UBE/RJ, da
Academia Brasileira de Poesia, do SEERJ e da ACLAL. Publicou em poesia,
“Profanas & Afins”, “Outras Profanas”, “PANínsula”, “BelaBun”, “Código de
Barras”, “Conversa Proibida”, “Coxas de Cetim” e “Enfim Afins”, os dois últimos
em e-book. Tem poemas publicados e vertidos em
inglês, espanhol, francês, italiano e russo. Coordena o evento poético no Rio
de Janeiro, “Te encontro na APPERJ” e o Festival de Poesia Falada do Rio de
Janeiro. Participante ativo do circuito de poesia contemporânea.
Transcrevo a seguir, um poemas que bem exemplifica o conteúdo do URBANOSEMCAUSA:
Lógico que comprei um exemplar do "URBANOSEMCAUSA" e, na rápida conversa que tivemos, após o evento, falei a Mozart e Sérgio sobre o "100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças", evento da Amazônia, que juntamente com Benny Franklin, Daniel Leite, Jorge Andrade, Juraci Siqueira e Roberto Carvalho de Faro, realizamos em Belém e o faremos novamente, este ano, no dia 28 de setembro. Convidei-os, como tenho convidado outros poetas a irem conhecer a Amazônia e disse da satisfação de recebê-los em Belém. De repente, fruto também dessas conversas, eles realizam o "100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças", evento do Rio de Janeiro. [mais informações sobre o "100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças", em postagens anteriores, neste Blog]
Transcrevo a seguir, um poemas que bem exemplifica o conteúdo do URBANOSEMCAUSA:
CORRE!
O carro passa - ônibus lotado
as vias liquefazem os asfaltos
um rio na lombardi segue
fluxo urbano
os andaimes nas esquinas
remodelam a paisagem
viadutos, túneis, pontes
constantes sons de poeira
violentam os poros
o mar de óleo desce as encostas
as florestas olham, pasmam,
perfuram as águas e sofrem
das pedras o trilho
do aço as plataformas
concretas, desumanas
o metrô corre, o carro corre
o metrô corre, a fome corre
o metrô corre, a solidão corre...
o metrô corre e o BRT para...
a ambulância geme enrubece
tudo fora do ponto
desatentas e confusas
as criaturas escapam no tempo,
nas ruas, nas avenidas envelhecidas
no cruzamento temporário
apenas um grito
Só - CORRO!
e ninguém escuta.