quinta-feira, junho 9

THE MIRACULOUS CASE OF KRISTA AND TATIANA HOGAN / O MIRACULOSO CASO DE KRISTA E TATIANA HOGAN

This is the first post in English, in this Blog. It was one Writing Skills’ exercise, at Cascadilla School. The purpose was a composition, based on real or fictional people who have shown strength of character in difficult situation:


THE MIRACULOUS CASE OF KRISTA AND TATIANA HOGAN

Octavio Pessoa

The twin sisters Krista and Tatiana Hogan are a great example of strength of character in a difficult situation. They are not like most other sets of twins. They are connected at their heads, where their skulls merge under a mass of shaggy brown bangs.
They are craniopagus, medical term for twins joined at the head. One in 2.5 million of similar cases survive. The girls brains formed beneath the surface of their fused skulls, however, they are beyond rare: their neural anatomy is unique, at least in the annals of recorded scientific literature.
Nowadays, the girls are four years old, but they are both also developmentally delayed by about one year. They run and play and go down their backyard slide, but whatever they do, they do together, their heads forever inclined toward each other’s, their neck muscles strong and sinuous from a never-ending workout.
Their mother, Felicia Sims, also is an amazing woman. When she found out about the unusual pregnancy, she was 20 years old with two small children, living in her small apartment. The obstetrician informed her that one of her options was to terminate the pregnancy. “I didn’t even consider it”, she said, “I think I have a lot more respect for nature than a lot of other people”, she concluded.
Today, Felicia cares for her five children, one younger than Krista and Tatiana, living with her husband and her grandparents, in Vernon, a small city in British Columbia, Canada.
The miraculous case of Krista and Tatiana Hogan, “Inseparable”, by Susan Dominus, was cover of The New York Times Magazine, May, 29th. 2011.

(Look: “Two, united as one”- A video about Tatiana and Krista Hogan, in nytimes.com/magazine)

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Este é o primeiro post em Inglês neste Blog. Foi um exercício de Writing Skills, na Cascadilla School. O propósito foi uma composição baseada em pessoa real ou fictícia, que mostre firmeza de caráter, nas situações difíceis.

O MIRACULOSO CASO DE KRISTA E TATIANA HOGAN

Octavio Pessoa

As irmãs gêmeas Krista e Tatiana Hogan são um grande exemplo de força de vontade nas situações difíceis. Elas não são apenas irmãs gêmeas. Suas cabeças são ligadas uma a outra, por meio de uma desgrenhada franja marrom de uma massa localizada abaixo de seus cérebros.
Elas são craniopagus, termo médico para gêmeos ligados pelas cabeças. Um em cada dois milhões e meio de casos dessa natureza sobrevive. Os cérebros das meninas são formados abaixo da superfície dos crânios unidos e se constituem num caso raro, o único registrado nos anais dos recordes da literatura científica.
Atualmente, as meninas tem quatro anos, mas o desenvolvimento delas é de quem tem um ano a menos. Elas poderiam ser crianças infelizes, mas não é este o caso. As garotas correm, brincam e descem no escorregador do quintal de casa. Tudo isso juntas, mas cada uma delas com a cabeça inclinada para sempre, na direção permitida pela sinuosa e endurecida musculatura do pescoço, num exercício sem fim.
A mãe das meninas, Felicia Sims, também é uma mulher incrível. Quando ela soube de sua rara gravidez, ela tinha 20 anos de idade e duas crianças, morando em seu pequeno apartamento. Seu obstetra informou-lhe e sugeriu, como uma alternativa, a interrupção da gravidez. “Essa possibilidade eu não considero mesmo”, ela disse. “Eu penso que devo ter muito respeito pela natureza e muito mais ainda, por outras pessoas”, ela concluiu.
Hoje, Felícia cuida de suas cinco crianças, uma menor que Krista e Tatiana, vivendo com seus pais e o marido, em Vernon, pequena cidade da província de British Columbia, no Canadá.
Sob o título “Inseparável”, o miraculoso caso de Krista e Tatina Hogan, escrito por Susan Dominus, foi matéria de capa do New York Times Magazine, edição de 29 de maio de 2011.

(Veja: “Two, united as one”- um video sobre Tatiana and Krista Hogan, em nytimes.com/magazine)








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sábado, junho 4

POUPEMOS O VERBO SOBRESTAR

Compartilho com meus leitores este gostoso texto do meu colega Arildo Oliveira. Ele foi escrito há uns 5 ou 6 anos atrás. Não lembro bem. Eu ainda era Secretário de Controle Externo no Estado do Pará e o Arildo um dos diretores técnicos da Secex/PA. Vale a pena conhecer, pela leveza, descontração e inteligência com que o assunto é tratado. Ressalto apenas que há algum tempo não vejo escrito em processos, o disparate que o Arildo aborda com fino humor.

Poupemos o verbo sobrestar

Arildo Oliveira

No dia-a-dia da instrução de processos, é comum depararmos com aquelas imagens ridiculamente hiperbólicas que alguns advogados amam incluir em seus textos. Uma me diverte em especial. É quando, para afirmar que determinado ato infringiu a lei, o autor carrega na metáfora: “o ato espancou a norma legal”. Dá para imaginar a lei, presa ao pelourinho, sofrendo com as vergastadas do cruel ato infrator. Terminado o suplício, porém, quem se retira sangrando não é a lei, mas a maltratada estilística portuguesa.
Nessa tortura diária a que o idioma é submetido, temos — os de casa — oferecido obsequiosa colaboração. Refiro-me à maneira descuidada com que o verbo sobrestar é tratado no Tribunal de Contas da União. O instrutor do processo, confiante, deseja: “Se o relator sobrestar os autos...”. O relator, convicto, decreta: “Sobreste-se o processo de acordo com a proposta da unidade técnica”. O analista, satisfeito, comemora: “O relator sobrestou os autos”. No fim, só a língua portuguesa, ultrajada, fica sem ter o que festejar diante de tanto disparate.
O problema parece decorrer de uma confusa contaminação da gramática pela semântica. É que o verbo sobrestar tem, entre outros significados, o de sustar. E isso leva o redator desavisado a tomar como equivalentes as conjugações dos dois. Os três exemplos antes mencionados estariam portanto corretos se o padrão para conjugar o verbo sobrestar fosse o mesmo do verbo sustar:
Se o relator sustar (sobrestar) os autos...
Suste-se (Sobreste-se) o processo de acordo com a proposta da unidade técnica.
O relator sustou (sobrestou) os autos.
Na gramática, porém, a regra é outra. Sem penetrar na aspereza de subjuntivos, desinências e outros termos intimidantes, basta dizer que sobrestar é um verbo composto de estar e, por isso, segue o padrão irregular deste. Não há mistério: na dúvida quanto à forma verbal correta de sobrestar, basta conjugar o verbo estar e acrescentar o “sobr” antes. Os mesmos exemplos anteriores ficam, corretamente, assim escritos:
Se o relator sobrestiver os autos...
Sobresteja-se o processo de acordo com a proposta da unidade técnica.
O relator sobresteve os autos.
Se alguém achar estranho — sobretudo a forma imperativa na segunda frase —, não fique assustado. É que, de tanta cotovelada e dedo no olho, o sobrestar deformou um pouco e adquiriu o jeitão arredio dos sofredores. Basta começar a tratá-lo bem que, passado um tempinho, a intimidade retorna e a gente acaba acostumando com a indumentária extravagante com que ele às vezes se apresenta.