domingo, junho 9

O PARÁ E A MÍDIA NACIONAL E MUNDIAL. SOBRE A MATANÇA DE CACHORROS EM SANTA CRUZ DO ARARI



          Mais uma vez o Pará entra em mídia nacional e mundial por motivos negativos, prejudiciais à sua imagem. Desta vez, por conta da comoção nacional e internacional, causada pela matança de cachorros abandonados, no município de  Santa Cruz do Arari, município da Região do Marajó, determinada pelo prefeito Marcelo Pamplona que, estrateginamente, “sumiu do mapa”. Vai esperar a opinião pública esquecer o episódio e, quem sabe, voltar a sr eleito.

          Sem dúvida foi uma solução equivocada e criminosa, perpetrada por um gestor público, para tratar dos efeitos de um problema que não é privilégio de Santa Cruz do Arari ou do Marajó, que padecem de outros problemas de igual ou maior gravidade, como o menor índice de IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, do país. Em maior ou menor escala, a superpopulação animal é observada em quase todas as cidades brasileiras.

          O enfrentamento dessa questão é dever do Estado, que não tem políticas públicas voltadas para a questão e é titubeante em adotá-las. Assistí há alguns meses atrás, o diretor do Centro de Zoonoses do Pará, entrevistado num programa de televisão, afirmar que haveria ações voltadas para os animais abandonados. Fiquei surpreso. Se é que existem essas ações, não se percebe a efetividade delas.  Pelo contrário. A cada dia que passa, aumenta o número de animais abandonados, na capital paraense e em todas as cidades do interior. O que evidencia a ausência de vontade do Poder Público, de assumir essa sua obrigação. Basta se andar pelas ruas de Belém, ou de qualquer cidade do interior,  para se constatar o aumento expressivo dos animais abandonados, especialmente cachorros e gatos.

          Examinando-se a questão à luz da “lei de causa e efeito” (dada a causa, segue o efeito; mantida a causa,  mantido o efeito; eliminada a causa, eliminado o efeito), nossa indignação deve ir além da matança dos animais, que é uma reação emocional diante do  efeito de um problema que é sério, grave e cada vez mais fora de controle. E alcançar as autoridades que se omitem do dever de tratar com firmeza a superpopulação animal. Aí sim, nossa indignação se volta contra a causa do problema, uma atitude racional.

Urgem medidas concretas por parte do governo do Estado, competindo também às prefeituras municipais, inclusive a da capital, fazerem a sua parte, com a definição clara, da responsabilidade de cada uma dessas esferas. Fazem-se também necessárias, regras objetivas e amplamente divulgadas,  para que a população fiscalize sua execução e também, faça a parte que lhe cabe,  como acontece em todos os países que lograram solucionar o problema de superpopulação animal ou sequer o tiveram.

A imprensa e nós, formadores de opinião, temos um papel importantíssimo nesse processo de  busca de resultados concretos para a solução do problema da superpopulação animal em nosso Estado, louvando-nos inclusive do efeito viral das redes sociais, para que os Poderes Públicos saiam de sua acomodação e cumpram o que é da sua competência.  


          A mudança de postura desses Poderes é urgente e necessária, para que o Estado do Pará deixe de entrar em mídia nacional e mundial, somente  por motivos que maculam a dignidade de seu povo, que é tão vítima quanto os animais que foram abatidos em Santa Cruz do Arari.