terça-feira, março 4

EXPLOSÃO POÉTICA EM BELÉM NO DIA 14 DE MARÇO


          14 de Março é o Dia Nacional da Poesia, em razão do aniversário de nascimento do poeta baiano Antonio Frederico Castro Alves. Este ano cai numa sexta-feira e, em Belém, os amantes da Poesia terão opções de  programação poética para prestigiarem.

          A partir das 19 horas, no Sesc Boulevard (em frente à Estação das Docas),  acontece a II Festa Paraense da Poesia. Na abertura, dentro do Projeto Rota Intercâmbio, apresentação da Poeta Rita Melém, com participação especial do grupo Arsenal de Rima. 



           Na sequência, o grupo VersiVox apresenta “O Samba Veio no Navio Negreiro”, baseado na obra de Castro Alves, o poeta dos escravos. Com Carlos Correia Santos, Ane Barbosa, Karina Lima, Renato Rosas, Alexandre da Silva, uma produção de Hudson Andrade.



          Na Praça do Artista, do CENTUR (Av. Gentil Bittencourt com a Rui Barbosa), também a partir das 7 da noite, ocorrerá o lançamento da Antologia do Instituto Cultural do Extremo Norte/ICEN, denominada  Eco Poético.  



          A “Eco Poético”  é uma coletânea com significativa parcela da produção poética paraense e amazônica e texto de Apresentação deste mais cronista do que poeta. Na programação do lançamento, a presença de poetas do Extremo Norte, dos cantores/compositores Alcyr Guimarães e Tommil Paixão, do grupo Ayvu Rapyta Contadores de História e dos dançarinos Nonato e Jéssica. 

          A efervescência cultural e particularmente da Poesia em Belém do Pará nos últimos tempos,  é indiscutível. A ação de poetas e grupos independentes, somada ao trabalho de escritores, agitadores e produtores culturais, fazem de Belém uma verdadeira  “Capital Amazônica da Poesia”.

          Aliás, acho que não é má ideia lutarmos pelo reconhecimento de Belém como “Capital Amazônica da Poesia”. Assim como  pessoas e grupos do Rio se movem pro Rio de Janeiro ser reconhecido como “Capital Nacional da Poesia”.

Penso que devemos valorizar também o 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, instituído pela XXX Conferência Geral da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, para promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da Poesia pelo mundo.


          Ficam as sugestões.

sábado, março 1

EM TEMPOS DE CARNAVAL, UMA CURIOSIDADE HISTÓRICA E UMA SUGESTÃO DE LEITURA



“A Jardineira”, marchinha tão tocada e cantada nos bailes de momo, pode ser considerada o primeiro hino da Força Aérea Brasileira.

É verdade. Os membros do 1º. Grupo de Aviação e Caça, embrião da então nascente FAB, após passarem por treinamentos em Orlando e no Panamá, foram receber  na base aérea de Suffolk, estado de New York, os treinamentos finais nos lendários aviões Republic P-47D Thunderbolds, para atuarem no teatro da 2ª. Guerra Mundial.   

Eles chegaram a New York em 1943, no Dia da Independência norte-americana, 4 de julho, e se depararam com um desafio que a capacidade de improviso do brasileiro “tirou de letra” . Na cerimônia de formatura e desfile de boas-vindas, a tropa americana cantou o hino de sua Força Aérea. Momentos antes do desfile brasileiro, como ainda não havia um hino da embrionária FAB, o chefe do destacamento, capitão Marcílio Gibson, ordenou que a tropa cantasse “A Jardineira”, conhecida por todos na voz de Orlando Silva. Assim, a velha marchinha carnavalesca, composta por Benedito Lacerda e Humberto Porto, sucesso no carnaval de 1938, foi entoada com toda força, pelos aviadores e serviu como hino informal daquele batalhão. Ao fim da cerimônia os bravos soldados brasileiros foram cumprimentados pela excelência de seu hino.

Fico imaginando um pelotão militar cantando, num "dó de peito",  em uníssono:

Oh jardineira, por que estás tão triste? 
Mas o que foi que te aconteceu?
Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu
Foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu
Vem jardineira, vem, meu amor! 
Não fique triste que este mundo é todo seu. 
Você é muito mais bonita que a camélia que morreu

Esse fato pitoresco é registrado pelo músico e escritor João Barone, em seu excelente livro, “1942 – O Brasil e Sua Guerra Quase Desconhecida”. Nele  registra não só aspectos pitorescos que nem esse, mas resgata com competência e profundidade a histórica participação da Força Expedicionária Brasileira, os Pracinhas brasileiros, convocados para a 2ª. Guerra Mundial. Contextualiza muito bem o período histórico mundial e brasileiro, as circunstâncias em que se deu a adesão do Brasil às forças aliadas, a vacilação de Vargas ante as forças germanófilas presentes nas forças armadas e no quadro político  e econômico brasileiro e a identificação do presidente  com as ditaduras nazifascistas.

Barone, filho de Pracinha que esteve no cenário de guerra, descreve como eles foram arregimentados, as condições adversas em que lutaram,  seus atos heroicos, e  a frustração de quem foi à guerra lutar pela liberdade e pela democracia, e no retorno é recebido por um regime que permanecia ditatorial, cujo primeiro ato oficial em relação à tropa, foi decretar a extinção da Força Expedicionária Brasileira, quando ela ainda se encontrava em solo europeu.

A obra é rica em detalhes, como os equipamentos utilizados  pelos Pracinhas na guerra, os combates, os nomes brasileiros que atuaram em campos opostos, assim como as cenas de afundamento de navios mercantes brasileiros, que foi o estopim para a entrada do Brasil na guerra, chegando ao requinte de relacionar todos os navios afundados, sua tripulação e outros dados interessantíssimos.

Ao final, uma advertência para nossa histórica ignorância acerca da  nossa História. Ressalta que em matéria de lembrar e valorizar a Força Expedicionária Brasileira, os italianos dão uma verdadeira lição em nós brasileiros que mal sabemos o que aconteceu durante o conflito, de como os verdadeiros heróis deveriam ser cultuados. Quase setenta anos depois do final da guerra, em discursos de autoridades italianas, ouvidos por Barone e um grupo de interessados pela da História da 2a. Guerra Mundial, a expressão mais usada foi “non dimenticare”, que significa “não esquecer”.


Vale a pena ler essa obra de João Barone editada pela Nova Fronteira no ano passado, pra entendermos o descaso  com que os heróis expedicionários foram tratados pelas autoridades brasileiras e serve de ponto de reflexão para entendermos outros fatos da nossa História, inclusive os que ocorrem nos dias atuais. O livro é também encontrado em e-book, na Amazon.com.