sábado, outubro 26

E POR FALAR EM POESIA…


        ... retorno, após prolongada ausência deste espaço pra falar de Poetas e Músicos, de Círio de Nazaré, de casamento no Centenário de Vinícius de Moraes e de uma Volta Literária, com muita, muita Poesia.

100 MIL POETAS & MÚSICOS POR MUDANÇAS/2013


          Primeiro, o 100 MIL POETAS & MÚSICOS POR MUDANÇAS, Evento da Amazônia/2013. Com produção mais caprichada, este ano a equipe organizadora- Benny Franklin, Hudson Andrade, Rosenaldo Sanches, Alfredo Garcia e Octavio Pessoa, prevendo a chuva que no ano passado prejudicou  o espetáculo, providenciou um toldo para o palco. Para nossa felicidade, este ano a chuva caiu antes de começar o evento conduzido pelo Hudson Andrade e por mim,  numa noite estrelada e de muita poesia. Tivemos também na produção, como diz o cantor e compositor Luiz Melodia “o auxílio luxuoso” de Paulinho Assunção, Álvaro Drago e Mauro Lima Pontes. E mais uma vez contamos com a produção gráfica de Rui Bastos. Nossa intenção para o próximo ano, é cobrir toda a área do Anfiteatro São Pedro Nolasco, da Estação das Docas, protegendo inclusive o público, ante a possibilidade de chuva no nosso inverno amazônico, na data de realização do evento em todo o mundo, o último sábado do mês de setembro.

          A semântica POR UM RIO DE PAZ NA CIDADE DAS ÁGUAS, idealizada pelo poeta e escritor  Daniel da Rocha Leite, foi explicada neste poema  do próprio Daniel, que foi por mim interpretado:  

                                                         Desarmar o olho
                                                       desarmar a palavra
                                                      e o silêncio que fere.

Amar o outro, uma pessoa,
        outra pessoa
       simples pessoa,
um mundo todo feito de gente.

       Desarmar o olhar
                                                  desarmar a alma
        amar o estranho
                                                  todavia estranho
      toda(vida) uma vida
      outra vida,
                                       não mais uma multidão sozinha.

    Desarmar a palavra
     e o silêncio que fere.
     Semear novos mundos
    Semear outras novas vidas.
   
     Poeta um só, cem mil,
           pelo poema
        dentro do poema
        uma paz possível.
       Música, verso e vida
              pra gente
                                                     para o agora
                                                para os nossos filhos.

                                            Uma cidade que queremos
     uma terra de poesia
     um outro nosso chão.
                                        Uma outra memória do futuro.
                                          Uma cidade, um mundo.
                                     Um rio que anda dentro de um mar.



          Na sequência, o filósofo, poeta e escritor Antonio Juraci Siqueira declamou o poema de sua autoria que abriu o evento.

                                     POR UM RIO DE PAZ NA CIDADE DAS ÁGUAS
1
Belém, “Cidade das Águas”,
palco de amor e de fé,
berço de um povo guerreiro
que por nada arreda o pé
e em cujo peito cabano
desabrocha todo ano
o Lírio de Nazaré!

2
“Cem Mil Poetas & Músicos
Por Mudanças” mundiais
semeiam grãos de esperança
nos corações dos mortais.
Nós, poetas destas ribeiras,
içamos nossas bandeiras
é  “Por Um Rio de Paz”!

3
Unidos pela poesia,
em prol da vida cantamos
e neste palco de sonhos
justa homenagem prestamos
a Carlos Corrêa Santos
em cujo nome outros tantos
artistas também saudamos!

4
Nesta edição dedicada
ao mestre Walcyr Monteiro,
saudamos todos os mestres
do Brasil e do  estrangeiro
para que, lutando unidos,
seus brados sejam ouvidos
nas terras do mundo inteiro!

5
Cá estamos! Sonhadores
sem olhar credo nem cor.
Almas prenhes de ternura
e alheios à própria dor,
do coração da Amazônia
cantando, sem parcimônia,
por justiça, paz e amor!
6
Tudo o que juntos sonhamos
se transforma em grão fecundo.
Portanto, armados de afetos,
vestidos de amor profundo,
lancemos grãos de esperança,
de concórdia e de bonança
pelos canteiros do mundo!

7
Que não exista entre nós,
disputas, desunião,
pois a paz brota e viceja
onde há partilha de pão.
Teatrólogos, contistas,
poetas e romancistas
são dedos da mesma mão.

8
Cá da Cidade das Águas,
desta Amazônia louçã,
irmanados pelo sonho
seguimos em nosso afã
e por um rio de paz
nesta jornada tenaz
buscamos novo amanhã.

9
Prometeus de um tempo novo,
nós trazemos a alegria
na pira ardente do verbo
convertida em poesia:
fogo maior que unifica,
que transforma, purifica
e a dor do mundo alivia.

10
Mas se a fogueira do sonho
morrer ao nosso redor,
tornemos cinza em semente,
plantemos sonho maior!
Que a chama rubra da ação
brote em cada coração
em prol de um mundo melhor!

          Trinta poetas, homens e mulheres, intercalados por números musicais se sucederam no palco e brindaram o público que lotou o Anfiteatro São Pedro Nolasco, da Estação das Docas, com muita poesia. 

No centro, Carlos Correia Santos

          Momento especial da programação do 100 MIL POETAS & MÚSICOS POR MUDANÇAS, EVENTO DA AMAZÔNIA/2013 foi a homenagem ao poesta, escritor, dramaturgo, músico, Carlos Correia Santos, pelo conjunto de sua obra. Texto da obra do homenageado foi lido por de Hudson Andrade. Carlos,   que aniversariava naquele 28 de setembro, foi ovacionado pelo público, após o Parabéns a Você. Na sequência da homenagem, houve apresentação do VersiVox, peça líteromusical, de autoria do dramaturgo.

          No final, o conjunto do programa foi dedicado ao poeta, escritor e pesquisador da Cultura Amazônica, Walcyr Monteiro, que recebeu uma placa em que ficou consignado o reconhecimento dos poetas, escritores e músicos da Amazônia pelo seu trabalho de pesquisador.      



       Para o público que lotou o São Pedro Nolasco, eventos dessa natureza devem ser realizados mais vezes e noutros espaços. O 100 MIL POETAS & MÚSICOS POR MUDANÇAS já está inserido na programação anual da Estação das Docas e no catálogo cultural de Belém e da Amazônia.  




         
Virado o mês de setembro, o Círio de Nazaré que mobiliza todos os paraenses nativos ou por adoção, também me mobilizou, na condição de papachibé adotado  que vive intensamente todas as emoções do Círio de Nazaré. Como em todos os anos, após a missa e a saída da Berlinda da Igreja da Sé, “voamos” pra casa, pra concluir as providências e aguardar os parentes e amigos, para o almoço do Círio. Muita alegria e congraçamento e, pra variar, poesias, como esta do mano  Juraci Siqueira:

Barqueiros de Amor e Fé
I
Senhora do Amor Eterno,
em Vossa barca de flores,
volvei-nos o olhar materno,
rogai por nós, pescadores,
nas lutas do dia a dia
pelo pão da poesia
num mar de risos e dores.
II
Nesse rio de romeiros
nossa fé em Vós revoa;
somos todos canoeiros
a remar, com Deus à proa,
nessa igarité tão linda
que o povo chama Berlinda
e vos serve de canoa.
III
Pelas marolas da vida,
envoltos em nossos ais,
em Vós buscamos guarida
aportando em Vosso cais
- porto seguro e divino -
para atar nosso destino
no esteio de Vossa Paz.
IV
Seguimos nossos caminhos,
Senhora de Nazaré,
nós, humildes ribeirinhos
remando contra a maré
rio abaixo, rio acima
na barca que nos anima
onde embarca a nossa fé.
V
Nas rabetas, nas bajaras,
nos cascos, nas montarias,
nos batelões, nas igaras,
vencendo marés bravias
descem cargas de bonança
trazendo amor e esperança
em eternas romarias.
VI
Guiai os nossos barqueiros
com suas cargas de sonhos,
nossos produtos brejeiros,
de artesãos belos, risonhos
e os livrai das emboscadas,
das abordagens tramadas
por malfeitores medonhos.
VII
Virgem Mãe dos construtores
das nossas embarcações,
aliviai suas dores
dai paz em seus corações
para que sem sacrifícios
possam passar seus ofícios
às futuras gerações.
VIII
Ó, Virgem Santa, coloque
Vosso manto sobre nós
pondo em cada roque-roque
a voz dos nossos avós
junto aos sons da Natureza
emprenhando de beleza
este mundo grave e atroz.
IX
Eliminai nossos medos
nos dando um novo sentido,
nos fazei vossos brinquedos
de miriti colorido.
Livrai o meio ambiente
desse monstro poluente
que é o Capital atrevido.
X
E ao final desta jornada,
em prol do Supremo Bem,
Santa Mãe Imaculada,
olhai por nossa Belém!
Abençoai vossos filhos
direcionando seus trilhos
para todo o sempre. Amém!


Camilo, Cassie e Alex Centeno, Luciana, Octavio e Ana Celeste

          Passado o Círio, um momento ímpar mobilizou a mim, minha esposa Ana Celeste e toda  a família. O casamento de nossa filha Luciana com o advogado Alex Centeno. Luciana é nossa única filha. Além dela, temos também um único filho, o Rodrigo Octavio. 



Luciana e Rodrigo Octavio
A experiência do casamento de uma filha é indescritível e inesquecível. A gente gera, cria, educa e quer o melhor pros nossos filhos. Ana Celeste, eu, os familiares e amigos, compartilhamos nossa felicidade com os familiares do Alex e os nossos convidados. Em minha fala, na recepção, ressaltei a feliz escolha da Luciana e do Alex, quanto à data do casamento, 19 de outubro que, como falei, pode ser considerado O DIA DO AMOR, pois nele nasceu Vinícius de Morais, o poeta que mais falou e cantou o Amor, e que este ano faria 100 anos.

                        

             Retornando ao 1OO MIL POETAS & MÚSICOS POR MUDANÇAS, na  organização de um evento dessa natureza, a gente interage com muitas pessoas, às vezes só por telefone. É o caso de uma pessoa que ainda não conheço pessoalmente, mas que teve um papel importantíssimo na divulgação do nosso evento, a jornalista Ylen Brito, que trabalha na Assessoria de  Imprensa, da Organização Social Pará 2000, entidade mantenedora da Estação das Docas. Pois bem, após a realização do evento, num telefonema, ela revelou também ser “ do ramo”. Enviou-me este poema de sua autoria, com que encerro esta matéria, convidando-a para estar no palco conosco, no próximo ano:

VOLTA LITERÁRIA

Vírgula, ponto.
Deram-se as mãos, seguiram em frente.
Depararam-se com um longo caminho de palavras de repente.
Repentinamente, correram.
Rumo ao fim, ao início do fim.
Juntaram-se.
Sim.

Ponto e vírgula ;
Em meio ao delírio de vocábulos um sobre o outro.
Almas desvairadas, surrealistas, dadaístas!
A sintaxe era a união destas loucas anarquistas!

- Enfim, ponto final. - Ou não.
Ponto em seguida para uma pobre vírgula.

Apenas o recomeço de uma nefelibata corrida.