quinta-feira, janeiro 12

O MELHOR PRESENTE PARA BELÉM.

12 de Janeiro- aniversário de Belém do Pará. Pela segunda vez consecutiva, por motivo de férias, encontro-me fora dessa cidade. Se a distância me faz saudoso, o distanciamento me permite refletir quanto a qual seria melhor presente para Belém. Onde me encontro, Rio de Janeiro, fatos lamentáveis ocorridos no ano passado, nesta mesma época, se repetem, e me ajudam a refletir sobre Belém.

Ontem, uma equipe de jornalismo de uma emissora de TV, realizando um “o povo fala”, nas ruas cariocas, abordou-me com a questão da pauta do dia “Em sua opinião, quem é o maior responsável pelas tragédias das cidades em decorrência das chuvas? As autoridades ou as pessoas que insistem em morar nos lugares de risco?”. Conhecedor da premência do tempo em TV, procurei organizar os pensamentos e responder mais ou menos o seguinte: “Se considerarmos que muitas pessoas não tem onde morar, seu retorno para as áreas de risco não é uma opção de vida, mas a única alternativa. Como as causas, o excesso de chuvas, são previsíveis, a falta de ação preventiva e os desvios de recursos públicos, faz dos poderes públicos os responsáveis pelas conseqüências das tragédias”. Não sei se minha resposta foi para o ar. Provavelmente não.

O episódio me fez lembrar Belém. Para felicidade nossa, morros não existem na topografia de nossa cidade, afastando a possibilidade de deslizamentos, nas grandes chuvas. Mas existem as baixadas, as extensas áreas de Belém situadas a baixo do nível do mar que, nas grandes chuvas e especialmente quando simultâneas com as marés altas, levam muito sofrimento aos menos favorecidos que, também sem opção, moram nesses locais, em habitação precária que vão se espalhando caoticamente. Somam-se à questão natural das baixadas, a ausência de políticas públicas voltadas para a educação do povo, no sentido da forma mais adequada da destinação do lixo. Essa ausência faz com que o lixo concorra para acentuar a tragédia, impedindo o adequado escoamento das águas. Os recursos públicos que poderiam ser destinados a programas educacionais dessa natureza são empregados, por exemplo, em programas demagógicos nos veículos de comunicação, apregoando obras de validade questionável, a maioria das vezes mentirosas, com custos aumentados artificialmente.

As grandes chuvas, que se iniciam agora, no começo do ano, e se acentuam ao longo de todo o primeiro semestre, evidenciam outro aspecto que torna a vida em Belém, uma tortura: o nosso trânsito. O que decorre da ausência de adequação da infraestrutura de tráfego, ao aumento da frota de veículos que percorrem a nossa cidade. A estrutura viária de Belém ainda é, de maneira geral, a mesma deixada por Antonio Lemos, no início do século passado. A frota de veículos aumentou exponencialmente, nesse meio tempo. Os estudos para o trânsito de Belém e sua região metropolitana, realizados pelos técnicos japoneses da JICA- Japan International Cooperation Agency (Agência Internacional de Cooperação Japonesa), no início dos anos 80 do século passado, foram postergados por sucessivos governos. A pequena parte realizada no último governo, as obras viárias entre o bairro do Coqueiro e avenida Júlio César, são uma pequena parte, que deveria ter sido feito há mais tempo. Há necessidade urgente de prosseguimento das obras estruturais do trânsito da região metropolitana de Belém.
O melhor presente para Belém, antes que ela seja quatrocentona (em 12 de janeiro de 2016), penso eu, seria a criação dos pressupostos para a solução, dentre outros, desses problemas estruturais, para fazer de nossa cidade, uma urbe de vida saudável. Isso passa com certeza, por amplos debates, que levem em conta e tornem público a situação econômico-financeira do município de Belém, que não é nada fácil (tema para outro post) e a eleição de homens públicos que honrem a expressão “coisa pública” e queiram efetivamente o melhor para a antiga Metrópole da Amazônia.

2 comentários:

  1. O início da organização deste caos no trânsito de Belém, passa por uma educação dos condutores de veículos, motos e ônibus, além de pedestres. Observe como parece que ninguém sabe que as pistas à esquerda devem ser mantidas livres, facilitando a ultrapassagem. Os veículos lentos devem manter-se à direita. Está no Código de Trânsito! Falta sinalização nas vias rápidas de Belém como Almirante Barroso, Augusto Montenegro, Julio Cezar,Duque e na nova Centenário/Independência. e fiscalização das autoridades!
    Paulo Mello

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É isso aí, Paulo. Prevalece a falta de educação e isso é responsabilidade dos poderes públicos, a quem compete também a sinalização que você evidencia a ausência dela, nos pontos cruciais da capital. Enquanto não houver políticas claras e objetivas, voltadas para a solução dessas questões, a tendência é cada vez mais o caos se acentuar. A CETEBEL não pode ser apenas uma indústria de multas.
      Um abraço.

      Excluir